Relações em estado deplorável
As relações institucionais entre a Câmara Municipal de Guimarães e a Junta de Freguesia de Caldelas atingiram um ponto inaceitável sob o ponto de vista do interesse das populações das Taipas e de Guimarães.
Depois de os órgãos autárquicos da freguesia terem cometido erro imperdoável ao convidarem o presidente da Câmara para estar presente na sessão solene da vila para entrega de medalhas, esquecendo-o perdido na mesa de honra, sem direito a usar da palavra, facto protocolarmente insólito que nem o gesto extemporâneo do presidente da mesa da Assembleia de Freguesia reparou, a Câmara, dias mais tarde, através da direcção da Turitermas, comete um erro equiparável ao fazer de conta que o presidente da Junta, convidado e presente na cerimónia de inauguração do polidesportivo, era um presente invisível e sem direito a falar.
Também neste caso, valeu o rasgo de alguém. No caso o presidente da Câmara, que mandando parar os músicos chamou o presidente da Junta para que dissesse duas palavras.
Haverá certamente quem tente relativizar os dois casos, procurando retira-lhes a carga política que efectivamente têm. E haverá também quem recuse ver o facto de nada do que aconteceu foi por acaso.
Na verdade, Câmara e Junta andam de candeias às avessas desde o primeiro dos três mandatos de Constantino Veiga (PSD), presidia à Câmara António Magalhães, do PS.
O presidente da Junta, fazendo tábua rasa das competências definidas na lei, assumiu uma postura de confronto aberto que só podia levar ao seu isolamento com efeitos perniciosos para a Vila.
Pelas atitudes do presidente da Junta, Taipas foi remetida para um lugar pouco digno e fora dos pergaminhos da sua história, perdendo se comparadas com outras freguesias igualmente do PSD, por exemplo Ponte.
Este posicionamento da Junta de Freguesia não pode continuar, como continuar também não pode a resposta da Câmara.
Ambos os órgãos autárquicos têm de se respeitar mutuamente, cada qual no seu papel e com as suas atribuições e competências. Se a Junta não pode subir além do que a lei lhe atribui, também a Câmara não pode castigar as populações por fazerem uma opção política democrática, um acto que me traz à memória o castigo do salazarismo ao povo do Couço por votar Humberto Delgado.
À postura arrogante do PSD correspondeu a vingança do PS. Taipas não merecem ser usadas para jogos de influência partidária. A sua história reclama relações institucionais mais elevadas e mais profícuas que tanto PSD como PS já provaram não cultivarem.