Que futuro queremos construir?
Caros leitores,
Como se sabia (e muito se perspetivou, a este propósito), 2024 seria um ano profundamente marcante na definição do futuro do país, da Europa e do Mundo. Passadas as Eleições Legislativas de março, as Europeias de junho e as Americanas de novembro, estamos em condições de refletir sobre o caminho feito e o caminho a fazer, sem fazermos, no entanto, juízos morais e de valor sobre as opções legítimas das pessoas, concordemos ou não.
É óbvio que me continua a preocupar, como em março, uma bancada de 50 deputados da extrema-direita no Parlamento Português, da mesma forma que é preocupante, para mim, o resultado das eleições nos Estados Unidos, com o regresso ao poder de Donald Trump e de todo um conjunto de valores nos quais tantos não se reveem. O que fazer a partir daqui? Agir com responsabilidade, coerência e maturidade. Tudo isto é exigido, no contexto que vivemos, aos principais atores políticos, mas, acima de tudo, aos jovens que, no futuro, serão os que terão esse papel.
Responsabilidade. No pensamento sobre aquilo que se quer dizer e fazer. Nas escolhas que se fazem e opções que se tomam. A vida das pessoas e a causa pública é mais do que discursos para entreter, simples posições passageiras ou disputas de ‘cadeiras’. Nem sempre os fins justificam os meios. E só com responsabilidade se consegue ter esse discernimento.
Coerência. Entre aquilo que se diz e aquilo que se faz. Não raras vezes, a lógica é a do olha para o que eu digo, não olhes para o que eu faço; ou a de se dizer uma coisa e depois dizer-se outra. Não tem de ser assim. Urge ser-se coerente, na consciência de que haverá sempre quem critique as opções que se tomam, sob pena de se perder legitimidade naquilo que se faz. Para além disso, posturas coerentes são também marcadas pela moderação. Algum “histerismo” pode levar à incoerência e esta pode levar à descredibilização.
Maturidade. Naquilo que se diz e se faz, como resultado da responsabilidade e da coerência. Maturidade para reconhecer que o contributo que eventualmente se possa dar é apenas uma pequena parte do grande contributo que, em conjunto, todos dão. Concretamente dentro das estruturas políticas (e também entre os jovens), é cada vez mais necessária uma maturidade aliada à integridade. Para haver mais luta pelas grandes causas estruturais da vida das pessoas (que são as que, no fundo, verdadeiramente importam) e menos pelas causas faccionárias. Para haver mais responsabilidade solidária e menos individualismo. E acima de tudo para preservar a credibilidade coletiva.
Se os partidos democráticos, independentemente da ideologia que tenham, nos seus rostos, forem capazes de agir desta forma, as ameaças antidemocráticas não avançarão. Se os jovens e as juventudes partidárias democráticas de todo o espectro responderem na mesma medida, construir-se-á um futuro mais esperançoso. Para isso, e citando uma professora minha, terá de se percorrer o “caminho das pedras”. Como tantas outras pessoas, também estarei cá para o fazer, dando, na medida das minhas possibilidades, o meu humilde contributo.