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Os Zés Ninguéns das Taipas

Cândido Capela Dias
Opinião \ sábado, agosto 14, 2021
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O tempo não resolve o problema criado num vasto quarteirão central das Taipas. Adiar, empurrar com a barriga apenas vai agravar a situação. Os Zés Ninguéns das Taipas merecem respeito, exigem respeito

Há nas Taipas um grupo de moradores com direitos diminuídos, são os Zés Ninguéns.

Existem, pagam impostos, são eleitores mas para os Poderes políticos locais, Câmara e Junta, é como se fossem invisíveis, é como se não existissem. Os Poderes ignoram-nos.

São uns sem-abrigo de novo tipo, cidadãos menores na sua cidadania, gente sem voz embora fale. Gente que sofre. Na saúde e no bolso.

Tem a má sina de morar onde mora ou de ter o seu ganha pão onde não devia.

Os Poderes decidiram suspender as obras que mandaram fazer e com a suspensão esventraram as ruas, tornaram os passeios incómodos, afastaram os clientes e obrigam a viver de janelas sempre fechadas para que o pó não penetre.

Estão há meses à espera de uma palavra, de uma explicação para o que os espera.

Os Poderes, sempre tão solícitos e simpáticos quando andam à caça do voto, agora não os conhecem, desprezam-nos.

Alguns ficaram já pelo caminho, não tiveram como aguentar.

Outros definham à espera do cliente mais afoito e fiel que contra ventos e marés não troca lealdades.

Muitos não sabem o que fazer à vida. Sentem-se injustiçados, merecedores de mais respeito como cidadãos ou como comerciantes.

A palavra, o gesto, a atenção tarda de quem devia vir.

Há quem diga que os Poderes não sabem o que dizer, não sabem como explicar o que não tem explicação. E o que é preciso explicar é o porquê de tanto tempo sem o retomar das obras e sua finalização, porque problemas entre dono da obra e empreiteiros são mais do que muitos.

Quando querem os Poderes sempre encontram o modo e o como dialogar com os cidadãos, agindo com transparência.

Mas quando não querem descer da sua soberba, da arrogância infinita dos que uma vez eleitos esquecem quem os elegeu, desertam para parte incerta, calam-se na esperança que o tempo resolva o que compete a eles resolver.

O tempo não resolve o problema criado num vasto quarteirão central das Taipas. Adiar, empurrar com a barriga apenas vai agravar a situação.

Os Zés Ninguéns das Taipas merecem respeito, exigem respeito.