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Oportunidades

Sérgio Silva
Opinião \ quinta-feira, julho 16, 2020
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No seio da sociedade, as oportunidades devem ser no sentido da construção de um mundo que aposte no altruísmo, na filantropia, na cooperação e no respeito.

“No meio da dificuldade encontra-se a oportunidade”- disse Albert Einsten e tem razão. A vida não é um mar de rosas (era bom que fosse!) e a cada momento, inesperado ou não, surgem novas adversidades, novas dificuldades. No entanto, devemos encarar este caminho pedregoso de forma otimista, porque a vida é igualmente recheada de oportunidades: em vários momentos, em várias vertentes, em várias matérias. Permitam-me que divida este caminho por três estradas: a pessoal, a profissional e a social.

Sou uma pessoa. Tenho uma família (dou graças por tê-la). Tenho amigos e os outros, os conhecidos. E por ser uma pessoa e conviver com tantas outras, tenho uma maior propensão para cair no erro, gerar dificuldades. Segundo Fernando Pessoa, “o perfeito é desumano porque o humano é imperfeito” e, no meu ponto de vista, pensar viver numa utopia onde não se erra é um ato absurdo. Todos erramos e temos de saber lidar com os erros e ao lidarmos com eles, vamos encontrar oportunidades. Apesar de “o tempo curar a ferida, mas não curar a cicatriz”, as oportunidades a nível pessoal residem no perdão, quantas vezes difícil, na construção de uma relação feliz e sólida, no dar a oportunidade ao outro de se relacionar. O que seria a vida sem as amizades e sem a família?

Sou estudante, vou para o secundário. Não vivo propriamente no mundo profissional; no entanto, estou ciente de que é um mundo cheio de oportunidades. Eu próprio as experimento. Vários caminhos, várias áreas, vários cursos… imensas oportunidades, por vezes, inalcançáveis. Contudo, há um aspeto particularmente especial: todos podem ter oportunidades. Mas nem todos as têm da mesma forma, no que toca à justiça e à coerência. Muitas vezes, não temos a oportunidade que gostaríamos de ter e que, provavelmente, até mereceríamos. Em algumas ocasiões, isto acontece de forma natural, mas, por vezes, acontece de uma forma extremamente desumana, pela hipocrisia, pelo desinteresse, pela baixeza moral. Verdade seja dita: as oportunidades podem levar-nos por dois caminhos, um com e outro sem valores. E, em relação a esta vertente, o caminho sem valores assume um papel de particular relevância, e não deveria. Podemos concluir, então, que as oportunidades a nível profissional residem nas hipóteses (alcançadas ou não) de “fazer”, “estar”, “ser algo”, mas também numa concretização pessoal, baseada, obviamente, em valores.

Pertenço a uma sociedade, como todas as outras pessoas. Queiramos ou não, temos sempre um papel relevante nela. Apesar dos problemas sociais, uma sociedade faz-se com todos, sem exceção. Todos somos importantes. Uns mais, outros menos, mas cada um tem a sua missão. A nível social, cabe-nos a todos abrir oportunidades para os outros e para nós mesmos, mas, também, saber aproveitar as que as outras pessoas abrem para nós e por nós. Um sorriso, o afeto, a conversa, a ajuda, um simples gesto e até mesmo o cumprimento das normas de segurança podem ser um gesto de heroísmo e, consequentemente, a abertura de oportunidades para nós mesmos, para os outros e para todo o mundo. No seio da sociedade, as oportunidades devem ser no sentido da construção de um mundo que aposte no altruísmo, na filantropia, na cooperação e no respeito.

O lema rotário deste ano 2020-2021 é, precisamente, “Rotary Abre Oportunidades” e, mais uma vez, este enorme movimento consolida a sua posição na vida das pessoas, ao ser um modelo, através do companheirismo e do “dar de si antes de pensar em si”. Como disse Holger Knaack, presidente de Rotary International, “Tudo o que fazemos abre outra oportunidade para alguém, noutro lugar”. Isto é verdade e aplica-se a todos para que possamos edificar um mundo melhor.

Termino como comecei enfatizando o facto de a nossa vida ser um convite a infinitas oportunidades. Não é um mar de rosas, mas é um mar de oportunidades que devemos aproveitar. Elas existem em todo lado, o que falta é a diligência humana para saber aproveitá-las e a prudência para que sejam sempre construtivas. Aproveitemos as oportunidades, mas não sejamos oportunistas, agindo sem princípios éticos. Porque elas estão abertas para nós. Até a pandemia é uma oportunidade de união, cooperação, respeito, paz… ou, pelo menos, deveria ser.