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Construir o Futuro

Sérgio Silva
Opinião \ quinta-feira, agosto 12, 2021
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O dia 12 de agosto é o Dia Internacional da Juventude, proclamado a 17 de dezembro de 1999, pela Resolução 54/120 da Assembleia Geral das Nações Unidas.

O dia de hoje é, portanto, um pretexto para uma reflexão sobre a importância dos mais jovens na sociedade contemporânea.

Ouve-se dizer, com frequência, que “os jovens são o futuro”. Eu creio que os jovens são o presente, e no presente, são os reflexos e o caminho para o futuro. O futuro constrói-se no presente, no dia-a-dia de cada um, e são os alicerces que cada um vai construindo que proporcionarão um futuro melhor. Penso que isto é consensual, o que falta perceber é como e porque é que os jovens podem e devem construir esses mesmos alicerces. As novas gerações, sendo o presente, serão os “homens e mulheres do amanhã”, crescendo com aquilo com que vão lidando e aprendendo. Desse modo, devem assumir-se como uma mais-valia para o mundo, através da sua participação cívica ativa, porque, efetivamente, são-no.

Thimothy Snyder, em “Sobre a Tirania: Vinte Lições do Século XX para o Presente”, alerta-nos para vários aspetos a pôr em prática na nossa participação cívica. Destaco 4 das suas lições: «Assuma a sua responsabilidade para com o mundo» (quarta lição), «Destaque-se» (oitava lição), «Contribua para as boas causas» (décima-quinta lição) e «Preste atenção a palavras perigosas» (décima sétima).

Estas lições podem espelhar um caminho a ser percorrido civicamente, porque é isto que se pede aos jovens dos tempos de agora. Pede-se que ASSUMAM a sua responsabilidade para com o mundo, que se DESTAQUEM, que CONTRIBUAM para as boas causas e que PRESTEM atenção a palavras perigosas. Os jovens têm responsabilidade de lutar pelos seus direitos, para que tenham um futuro com mais condições. Os jovens têm que se destacar pelo seu ativismo, pela sua energia, mas também pela sua sensatez com que discernem o que é o correto e o que é o errado, numa atitude de atenção às palavras perigosas, representadas em todas as ações que prejudiquem a democracia e o bem-estar da sociedade, mas também nas “fake news”, que, desde algum tempo a esta parte, se têm vindo a tornar o “prato do dia”. Sim, os jovens não podem viver em apatia e desinteresse político, social, espiritual, económico e cultural: têm que crescer, o mundo será deles.

Mas engane-se quem pensa que só se pede aos jovens. Assim como se pede aos jovens que se envolvam, também se pede às outras pessoas que fomentem este mesmo envolvimento. Muito caminho tem que ser percorrido para que consigamos que todos os jovens lutem por boas causas, lutem e labutem para a resolução dos problemas do quotidiano das pessoas, e por isso, todas as pessoas têm um papel de especial importância. A todos os outros, pede-se que reconheçam e que valorizem o potencial das novas gerações e que as envolvam, no sentido da construção de uma sociedade mais segura, coesa e harmoniosa; pede-se que invistam na educação e no sentido de criar mais e melhores condições de habitação e emprego; pede-se que façam a sua parte no cuidado ambiental, para preservamos o nosso planeta, porque não existe planeta B;  mas também se pede que não forcem um processo de destruição do ativismo destes jovens, dando-lhes sim, oportunidade de aplicarem a sua energia transformadora na sua região, no seu país e até no mundo.

Enquanto jovem, reconheço o papel importante da minha geração na luta por um mundo melhor. Acredito que o nosso “sangue novo” nos dá capacidade de inovar, agir e mudar no sentido do progresso da sociedade e do desenvolvimento sustentável. Daí que, face ao mundo atual, me pareça que os jovens devem lutar a ritmo diário pelas suas causas e bandeiras, e, assim, ao trabalharem no presente, estão a construir o futuro. Um futuro de justiça social, de sustentabilidade ambiental, de inclusão, porque é um futuro onde todos têm o seu lugar. Os tempos de hoje são para agir: não percamos esta oportunidade!