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Obras no centro da vila

Manuel Ribeiro
Opinião \ sábado, outubro 10, 2020
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Ser uma voz discordante ou no mínimo critica, que é o que se exige a todo e qualquer cidadão, de obras novas, só traz dissabores políticos. Realmente é politicamente incorrecto não estar na corrente de opinião que incentiva obras a torto e a direito, mesmo que já tragam em si a imagem do desastre.

Já me cansei de afirmar que o agendamento das obras para o último ano do ciclo eleitoral é uma programação eleitoralista dos partidos que exercem o poder.

Mais uma vez se vai assistir, no ano e 2021, a uma série de inaugurações, umas de obras mais relevantes que outras, por alturas do 24 de Junho.

O inicio e a duração das obras, no concelho de Guimarães, são programadas para que a sua inauguração, com pompa e circunstância e sem olhar a custos, ocorra por alturas do 24 de Junho que será a data limite em que ainda se pode inaugurar sem ferir a Lei Eleitoral.

Isso acontece porque existe um consenso quase generalizado de que as obras novas são sempre boas quer para as populações quer, no que interessa aos políticos, favoráveis aos objectivos eleitorais.

As obras novas, ao contrário das recuperações e requalificações, não são necessariamente boas para as populações e por efeito do interesse público. Há muitos exemplos no concelho que dado o tempo decorrido desde sua construção, o seu custo corrente actual para o erário público, e a sua indiscutível quase inutilidade, conferem fundamentos sólidos para afirmar que são “elefantes brancos” da governação.

Ser uma voz discordante ou no mínimo critica, que é o que se exige a todo e qualquer cidadão, de obras novas, só traz dissabores políticos. Realmente é politicamente incorrecto não estar na corrente de opinião que incentiva obras a torto e a direito, mesmo que já tragam em si a imagem do desastre.

As obras do centro da vila que se vão iniciar não podem ser uma obra para a qual olhemos para ela acríticos. Temos que a perspectivar de diferentes ângulos e nas variadas consequências que pode ter para a vida social, económica e de afirmação das Taipas.

A obra em si ou tem uma magnitude que se impõe à falta de estacionamento, à dificuldade de circulação viária, ao entupimento das vias de acesso às Taipas, ou vai encerrar mais problemas que as vantagens auferidas efectivamente.

E se estamos a pensar num plano pós-obras, o planeamento da execução das mesmas terá de ser de uma acuidade extrema na defesa do comércio que se encontra instalado ao longo da Avenida da República.

Estou convencido de que a obra não tem magnitude para por si dispensar todo e qualquer estacionamento; toda e qualquer acesso viário e que prescinda do verde que caracteriza a vila.

Sem acautelar aquelas perspectivas, tenho dúvidas que as obras de requalificação do centro da vila sejam o maná que vai “salvar” as Taipas.

Isto não é ser contra, é contribuir para melhorar os projectos e a sua execução.