O rio, fonte de vida… e o nosso Ave?
É esse o caso do rio Ave, que banha o norte do concelho de Guimarães, pois, apesar dos benefícios conhecidos, a cada ano que passa, nota-se um maior abandono por parte das entidades responsáveis pela sua manutenção e valorização bem como, consequentemente, da população. Com a poluição que o carateriza, as recentes enchentes, a abençoada chuva que tanta falta faz, seja para encher as barragens, regar as terras ou acalmar os espíritos alarmistas das agendas globalistas, aparentemente, o Ave passou a ter mais defeitos do que qualquer virtude.
Para mim, o rio representa as memórias do tempo passado, na maior parte dos domingos de verão, na praia fluvial do “rio de S. Roque” ou na praia fluvial de Souto, como lhes chamávamos, em grandes piqueniques familiares ou convívios entre amigos.
Com o tempo e os interesses, foi-se descuidando o rio, acabou-se a manutenção nessas praias e agora ficamos só a ver as dezenas de carros a passar pela nacional 310 a caminho do Gerês ou do Ermal, em Vieira do Minho… E com isto perdem os locais, perde o comércio em redor, perde a população e Guimarães.
Sendo a água fonte da vida, tendo ela capacidades relaxantes, é pertinente levantar a questão: «O que leva a tal desprezo por este bem maior por parte dos nossos políticos?»
Agora sempre temos os guarda-rios, uma ideia proveitosa da Câmara Municipal de Guimarães, com resultados visíveis, a avaliar pelo número de ocorrências registadas. No entanto, questiona-se se esta medida dará frutos e se os autos que se vão levantando, não terão o mesmo fim daqueles que até foram notícia em 2016 e que diziam respeito a uma empresa que contribuiu para o agravar da poluição no nosso rio e à qual foram aplicadas mais de vinte contraordenações por atentados ambientais. Importa, por isso, que a prioridade seja o rio e não os interesses daqueles que eram pagos para o limpar, mas que, segundo foi noticiado, eram também um dos maiores responsáveis pelas descargas poluentes no Ave.
Durante anos, as entidades competentes habituaram-nos a este desprezo e abandono, ditaram-nos a uma inércia e à falta de motivação para questionar, refletir e fazer mudar. Foram justificando o injustificável e criando medidas fantasma que não saíam do papel…
Deste modo, urge a necessidade de refletir e insistir na questão «Não será agora o momento de reabilitar as antigas praias fluviais e ansiar pela alegria dos fins de semana à beira-rio em uniões de família e de amigos?»
A esperança renasce… o Rio Ave agradece.