O mistério dos preços sociais
Não tenho dúvidas, e não excluo partidos desse desvio democrático, que as empresas municipais foram criadas para contornar exigências de contratação de pessoal e para criar e pagar às clientelas partidárias a sua dedicação incondicional.
Para evitar o inevitável acima citado, era acabar com todas elas e cessavam os queixumes e a pouca vergonha democrática.
Defender que as entidades e órgãos do estado devem prosseguir um conceito de interesse público muito especial, isto é, realizando os serviços essenciais que devem estar fora do comércio privado, parece uma heresia.
E tanto não é heresia, como ter razão antes do tempo deveria ser um mérito reconhecido a quem está a interpretar a realidade da frente para trás, do futuro para o presente.
Quando os socialistas das Taipas com o “agreement” de Guimarães se lançaram a construir uma clínica médica que consiste em contratar médicos de diferentes especialidades, prestar consultas e tratamentos, dividindo uma parte para a entidade pública e uma parte para o médico “convidado” parecia uma ideia brilhante de esquerda.
Só que não era mais do que uma parceria público-privada que funciona ao contrário de todas as outras: A Turitermas fez o investimento – público – e ainda suporta o risco da sua actividade. O médico “convidado” limita-se a ganhar em função do trabalho prestado, sem qualquer investimento e sem qualquer risco.
É uma parceria público-privada à moda das Taipas e com assinatura reconhecida.
O problema, como se disse há anos na Assembleia Municipal e na própria Turitermas, a Cooperativa está a desenvolver uma actividade sem qualquer interesse público subjacente; e coexiste em concorrência (desleal) com inúmeras clínicas privadas existentes nas Taipas e no concelho.
A concorrência com as outras clínicas privadas está sujeita a transferências de médicos, clientes e às oscilações do mercado.
Criou-se um modelo insustentável agravado quando assenta no reconhecimento público de médicos.
Os prejuízos bateram e batem à porta e é necessário justificá-los e camufla-los.
Para isso, a Câmara viu-se na necessidade de inventar, em conluio com a Turitermas, preços sociais para lhe transferir subsídios, sem que os preços sociais existam. É um facto que não deve passar em branco às autoridades e só existe para que a cooperativa não seja dissolvida, o que seria uma derrota politica de monta para quem a conduz e conduziu.
Assim., e já que a Câmara diz que paga, dão-se alvíssaras a quem consiga consultas de qualquer especialidade a baixo preço, menos de € 50,00; a quem use a piscina de verão por 1,5 euros; a quem faça tratamentos termais tendencialmente gratuitos; a quem acampe, e não seja escuteiro, por metade do preço da tabela do ano anterior.
Se não for assim, convido todos os taipenses e arredores a inundarem a Câmara de reclamações contra os preços, muitas vezes acima do mercado, praticado pela Cooperativa apoiada.