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O automóvel

Manuel Ribeiro
Opinião \ sábado, abril 15, 2017
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Pelo posicionamento e explicação dos arquitetos responsáveis do projecto dá para perceber que o automóvel é um obstáculo à requalificação de qualquer espaço urbano e nesse sentido, há que retirar o automóvel, expulsá-lo da circulação e existência do meio urbano.

O projecto de requalificação do centro da vila manifestamente retira muitos lugares de estacionamento em toda a extensão da Avenida da República.

Pelo posicionamento e explicação dos arquitetos responsáveis do projecto dá para perceber que o automóvel é um obstáculo à requalificação de qualquer espaço urbano e, nesse, sentido, há que retirar o automóvel, expulsá-lo da circulação e existência do meio urbano.

Não se compreende tal posicionamento tão radical.

O automóvel é uma conquista da civilização moderna e parece que incontornável, por vários motivos:

Como meio de transporte é o mais utilizado pois permite levar o usuário até ao destino bem como os seus haveres; é o simbolo do individualismo e da autonomia na medida em que o utilizador não está sujeito a horários, locais e eventuais atrasos; tem a função de revelar um estatuto social; funciona como abrigo e conforto; local de leitura e de audição de música, local de recato e protegido como local de acesso exclusivo do proprietário.

Por isso, é meio de transporte adequado no Inverno principalmente quando chove e está frio.

A vila está localizada em pleno Minho. Aprende-se na primária que só temos 3 meses de Verão.

O projecto de arquitetura de requalificação do centro da vila, ao prever espaço para as pessoas em detrimento do automóvel, está assente numa previsão de clima em que a chuva e o frio são excepcionais. Não é o que se passa no Minho.

A sedentarização, a procura de conforto, a despesa inerente ao “ter” o automóvel, são factores que levam as pessoas a não prescindir da utilização dos automóveis.

A conceção do espaço público tentando prescindir deles, não pode dar resultado sem que o comércio e a atratividade dos locais não sofra prejuizo.

Não tenho dúvidas que se estiver a chover ou frio, ou as duas coisas, quem não puder levar o automóvel não vai; e não indo, não gasta, não frui, não está, não existe utilização do espaço público.

E não se faz uma requalificação do espaço público só para alguns meses do ano.

Para isso é necessário integrar o automóvel com imaginação no espaço público para este fazer jus ao nome e não fiçar deserto.