Não vai ficar melhor
Outros quase € 300.000,00 foram gastos na “cidade natal” e passagem de ano na cidade de Guimarães.
A “cidade natal” de Guimarães não assumiu qualquer relevância que se possa registar e limitou-se a uma tenda no Toural e a carrinhos para crianças na Alameda S. Dâmaso.
O investimento na plataforma electrónica para o comércio tradicional ainda não produziu qualquer efeito positivo na dinamização do comércio tradicional e é uma plataforma voltada, principalmente, para o comércio tradicional na cidade de Guimarães. O resto do concelho não está no radar dessa plataforma.
E fazendo a transposição para as Taipas, os comerciantes encontram-se à mingua e à espera que os clientes tenham o arrojo de se sujarem para acederem às lojas de toda a Avenida da República.
Passado ano e meio contados do inicio da obra, na sessão solene do dia 19 de Junho, defendemos e reclamamos que era justo e legal compensar os comerciantes pela perda manifesta de clientes durante a “eternidade” das obras. Essa reivindicação foi reiterada na Assembleia Municipal de Guimarães.
O município nada faz. Vejam a diferença abismal: em Guimarães gasta-se € 300.000,00 para a implementação de uma plataforma electrónica para incentivar o comércio tradicional. Nas Taipas, nem se incentiva com qualquer apoio público, nem se compensa os prejuízos provocados pelo planeamento e demora irrazoável.
Sei que entramos no domínio do subjectivo. Mas pelo andar da carruagem não vai ficar melhor.
A não ser que a ideia plasmada na transformação da Praça do Toural, na cidade de Guimarães - eliminação de jardins e árvores – seja uma boa ideia. Tese em que não me revejo.
Ainda não veio à luz do dia qualquer relatório de monitorização que diga que o comércio no Toural, na Rua de Santo António, na Alameda, na Rua Gil Vicente e Paio Galvão, foi revitalizado com as obras de requalificação do Toural. E não veio porque os resultados são desastrosos.
Portanto, o exemplo da capital do concelho só nos revela que requalificação do centro da vila, da forma como está a surgir, não serve os Taipenses, nem os comerciantes.
Quando passar a moda, vamos cair na realidade e constatar que não houve uma ideia de valor, que se impõe às modas e ao tempo, subjacente à requalificação. E nessa altura, vamos cair em nós e recordar o que era bom, bem feito e único. Terra que poderia ser pintada pelos pintores, cantada e imaginada pelos poetas e sublimada pelos escritores.
No futuro, não vai haver sucessores de Ferreira de Castro ou Camilo que se refiram às Taipas pela Terra onde a Lua fala ou com sentido equivalente.
Porque qualquer poeta, escritor, pintor ou artista, não vai encontrar aqui qualquer elemento distintivo, que seja único, peculiar, para poder elevar as Taipas à perfeição augurada pelos deuses da poesia.
E se na arquitectura do espaço público auguro o pior, em termos de trânsito e estacionamento, vai ser igual.
Como toda a gente sente, a nova postura de trânsito concentra ainda mais o transito na circular das Taipas.
É necessário bom senso. E é coisa que não tem existido da parte dos poderes públicos, quer na abordagem do planeamento das obras de modo a proteger as pessoas e os comerciantes, quer na decisão de inventariar os seus prejuízos e conceder-lhes uma compensação que faça alguma justiça.
É justiça que se quer no sentido de equidade, equilíbrio: na arquitectura, no transito, no estacionamento e na defesa das pessoas, ressarcindo quem é prejudicado.
Só assim é que somos uma comunidade em que poderemos olhar uns para outros de forma sensata.