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Medicamentos para a tosse: serão necessários?

Redação
Opinião \ sexta-feira, janeiro 16, 2015
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Nesta altura do ano, época das constipações e das gripes, os médicos são constantemente confrontados com doentes a pedir antitússicos, vulgo medicamentos para a tosse. Muitos deles chegam mesmo até nós já medicados com este tipo de produtos adquiridos em farmácias. A questão que se coloca é se existe mesmo indicação para a toma dos mesmos...

A tosse é uma queixa frequente nas consultas de Medicina Geral e Familiar e constitui um importante mecanismo de defesa do sistema respiratório, tendo como principal função a remoção de material estranho e secreções das vias aéreas. Muitas vezes ocorre de forma reflexa, isto é, sem a pessoa pensar. Esta origina normalmente grande preocupação nos doentes, pois pensam que a sua presença é sinal de gravidade. Ora, existem muitas situações que condicionam tosse que são benignas e autolimitadas. A tosse é sempre um sintoma, e não uma doença.

A tosse pode ser dividida em aguda (menos de 3 semanas) e crónica (quando persiste por um período superior a 3 semanas). As infeções respiratórias, vulgarmente denominadas por constipações são a causa mais frequente de tosse aguda. As causas de tosse crónica são variadas, tais como, asma, bronquite crónica, insuficiência pulmonar, alergias, tabagismo, efeitos secundários de fármacos, entre outras. Este tipo de tosse pode implicar tratamento farmacológico.

Em relação aos medicamentos para a tosse, existem dois grandes grupos: os antitússicos e os expectorantes.
Os antitússicos, como o nome indica, inibem o reflexo da tosse. Neste caso, o doente perde a capacidade de tossir, perdendo assim um importante mecanismo de defesa, pois não consegue eliminar tão eficazmente os micro-organismos, as secreções e os restos celulares que se encontram nas vias aéreas, podendo prolongar ou até agravar uma simples infeção respiratória. Estes medicamentos só devem ser usados nas situações de tosse crónica, e sempre após indicação e avaliação médica.

Os expetorantes diminuem a viscosidade das secreções, facilitando a sua expulsão, podendo contribuir para eliminar a tosse.

Estes dois tipos de fármacos não devem ser utilizados em simultâneo, visto que os expetorantes facilitam a eliminação das secreções, enquanto que os antitússicos impedem a sua expulsão.

Em caso de tosse, deverá consultar o seu Médico de Família, que, em função das queixas, do tipo de tosse, do exame físico, e eventualmente das análises e radiografias (raramente necessárias), estabelecerá um diagnóstico, do qual irá depender o tratamento a instituir.

Por ser um mecanismo de defesa a tosse, em geral, não deve ser suprimida. O importante é tratar a doença ou o que a provoca.

No caso das constipações banais, normalmente não é necessário nenhum tratamento específico para a tosse.
Sendo assim, raramente é aconselhável a toma de medicamentos para a tosse. O importante nestes casos é sobretudo o reforço da hidratação oral, isto é, a ingestão abundante de água.

Nuno Namora - Médico Interno de Medicina Geral e Familiar