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Guimarães marca… passo

Sara Martins
Opinião \ quinta-feira, maio 09, 2019
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Se estivéssemos numa corrida, Guimarães seria aquele atleta sem forças, que já não olharia para a frente pois sabe que nunca os apanhará, mas passa o resto da corrida a olhar para trás.

No mês passado a Bloom Consulting divulgou o Portugal City Brand Ranking, estudo que compara o desempenho dos 308 municípios portugueses na atracção de novos investidores, residentes e turistas.

Se em 2014 a Câmara Municipal de Guimarães (CMG) divulgava com orgulho o nono lugar de Guimarães no ranking nacional, em 2019 há um silêncio constrangedor. A razão? Nos últimos cinco anos despencamos cinco posições, ocupando agora no 14.º lugar.

Se estivéssemos numa corrida, Guimarães seria aquele atleta que exausto e sem forças, que já não olharia para o pelotão da frente pois sabe que nunca os apanhará, mas passa o resto da corrida a olhar para trás para não ser ultrapassado.

E logo atrás vem Vila Nova de Famalicão que, com este andamento, não tardará muito a ultrapassar-nos.

No mesmo ranking, Famalicão ocupava em 2014 o lugar 58.º, estando hoje no 39.º. Uma impressionante subida de 19 posições.

Comparar Famalicão a Guimarães é tão injusto como comparar Guimarães a Braga. A diferença de grandeza entre estas cidades impossibilita comparações. Mas o que os últimos anos nos mostram é que enquanto Guimarães continua a distanciar-se de Braga, que ocupa o 4.º lugar no top nacional, Famalicão está cada vez mais perto de Guimarães.

Em termos populacionais, nos últimos 15 anos, Braga ganhou 17 mil novos habitantes e Famalicão 5 mil. Por sua vez, Guimarães foi o único a perder população, com menos 6 mil habitantes.

Umas das áreas onde o município de Famalicão mais se destaca é na captação de investimento, tendo este ano ganho o prémio de “Marca Estrela” na área dos negócios, distinção dada a municípios com resultados de topo.

Enquanto que em Guimarães a câmara se congratula com o desnivelamento da rotunda em Silvares, uma solução que deveria ter sido pensada e executada no projecto original, que já foi promessa em várias campanhas eleitorais, e insiste na construção de uma estrada megalómana para ligar o Avepark à cidade como estratégia vital para salvar o vazio e anémico parque tecnológico. Em Vila Nova de Famalicão será construído o maior terminal rodoferroviário de mercadorias da Península Ibérica, que permitirá ligar as empresas ao mundo.

É um exemplo demonstrativo do tipo de estratégia de um e outro município. A diferença está nos resultados: Famalicão é o município mais exportador do Norte do país, com um volume de negócios superior a Guimarães e uma taxa de desemprego inferior.

E a diferença não se vê apenas nos grandes investimentos, também nas políticas de proximidade. Em Guimarães, por exemplo, o atendimento da divisão de desenvolvimento económico faz-se uma manhã por semana. Já em Famalicão é todos os dias e em horário alargado, apesar de Famalicão ter um orçamento camarário significativamente mais pequeno.

Podemos atribuir esta inércia do nosso município à incompetência dos gestores públicos. Mas e se esta contenção do crescimento for propositada? E se não permitir o desenvolvimento do município for uma estratégia para manter o poder? Afinal, quando países, cidades, empresas crescem fica difícil preservar a concentração do poder nos mesmos de sempre.