Guimarães – Um concelho parado no tempo
Guimarães é, sem dúvida, um concelho com muita história e com uma imagem marcadamente cultural. Esta visão que “explora” a marca Guimarães como uma cidade histórica, é um ponto de partida positivo para o desenvolvimento de todo o território.
Ora se do ponto de vista cultural, o trabalho de casa é bem feito, no que se refere às questões económicas, habitacionais e de juventude, a resposta do nosso concelho deixa muito a desejar.
O município continua a desvalorizar a questão da mobilidade no concelho. Ora vejamos a estrada nacional Taipas-Guimarães que continua com o trânsito caótico e sem resolução. Talvez a solução seja mesmo, como diz o Sr. Presidente de Câmara, um Teleférico entre as Taipas e Guimarães ou então será mesmo a Via do AvePark a resolver parte do problema. A verdade é que os anos passam e os problemas persistem.
O desnivelamento do nó de Silvares é outro exemplo. Usado como um trunfo eleitoral na campanha de 2017, onde afirmavam que o projeto estava já aprovado, mas que só foi finalizado em 2021. Uma obra de “4 anos” com um custo de mais de 3 milhões para deixar tudo igual.
Estes exemplos são elucidativos dos reais problemas que afetam a vida dos vimaranenses diariamente. Como estes, existem muitos outros que continuam sem resolução à vista. Esta série de problemas de mobilidade que não são devidamente resolvidos, para além de demonstrarem uma falta de visão estratégica de crescimento para todo o concelho como um todo e não apenas para as freguesias e vilas de interesse político, projeta Guimarães para uma série de outros problemas que conjuntamente formam uma bola de neve.
Atualmente, o nosso concelho enfrenta uma perda significativa de atratividade para famílias e empresas, quando comparamos com outros concelhos. Nos últimos 20 anos, Guimarães perdeu 2 % da população, contrariando Braga e Famalicão que cresceram 18% e 5%, respetivamente. No contexto empresarial, verificámos que grandes empresas internacionais se tendem a localizar em Braga ou Famalicão.
É por demais evidente que a captação de novas empresas, nomeadamente de cariz tecnológico (vivemos numa era tecnológica) influencia a fixação e captação de novos habitantes. O concelho de Famalicão, juntamente com o concelho de Braga, são os dois concelhos do distrito cujo ganho médio mensal dos trabalhadores por conta de outrem são mais elevados, deixando bem longe Guimarães. Esta diferença de ganhos é mais acentuada quando analisámos níveis de qualificação superiores. Não é por acaso que Guimarães perdeu população.
Desta forma, é claro que os problemas de mobilidade do nosso concelho afetam severamente o desenvolvimento, especialmente ao nível da captação de grandes empresas e de mais população. A fraca atividade para as empresas aliada à falta de habitação a preços acessíveis e a salários pouco atrativos, leva-nos a uma bola de neve indeterminável, especialmente ao nível de mão de obra jovem qualificada que parte para concelhos vizinhos á procura de melhores condições. É tempo de dar aos vimaranenses e em especial aos jovens uma esperança para o futuro.
Obs – Dados retirados da base de dados Pordata e INE.