05 dezembro 2025 \ Caldas das Taipas
tempo
18 ºC
pesquisa

Guimarães mudou; Guimarães vai mudar

Manuel Ribeiro
Opinião \ sexta-feira, dezembro 05, 2025
© Direitos reservados
Ficou demonstrado que não há vencedores antecipados. Que as negociatas que eventualmente se tentem fazer com os candidatos, podem não valer de nada e antes ser uma atitude contraproducente.

As eleições do passado 12 de Outubro, com a vitória na Câmara Municipal da Coligação Juntos por Guimarães PSD/CDS, pondo termo a 36 anos ininterruptos de governação socialista, trouxe-nos ensinamentos que invalidam todas as regras que se como adquiridas como leis das eleições autárquicas.

O PS ganhou a maioria das freguesias – 30; contra 25 do PSD/CDS;

O PS conseguiu o maior número de votos nas freguesias – 43.950 votos, 43.69%; contra 41.050 votos, 40,78% do PSD/CDS.

Para a Câmara Municipal, a vantagem para o PSD foi de 7.881 votos;

Os vimaranenses quiseram, claramente, afastar o PS da direcção dos destinos do município de Guimarães.

Ficou demonstrado que não há vencedores antecipados. Que as negociatas que eventualmente se tentem fazer com os candidatos, antes do momento eleitoral, podem não valer de nada e antes ser uma atitude contraproducente.

Caiu por terra o argumento, falacioso, de que se tem de votar na freguesia no partido que, com a certeza absoluta de alguns, ganha a Câmara, pois, assim a freguesia não é esquecida ou discriminada.

Argumento esse, desonesto na sua génese, muito aplicado pelo PS que andou 32 anos a “arrebanhar” presidentes de junta eleitos anteriormente por outro partido com a promessa de obras. Exemplo mais flagrante e sonante foi o de Sérgio Castro Rocha na freguesia e Vila de Ponte: eleito pelo PSD/CDS e, no mandato seguinte, apareceu a encabeçar a lista do PS.

Mais recentemente, foi a traição ao PSD/CDS do presidente da junta cessante, da União de Freguesias de Souto, S. Salvador; Souto Santa Maria e Gondomar.

Traições difíceis de perdoar se não fossem políticas, e que merecem um juízo de censura quanto à honorabilidade das decisões.

Outra lição que devemos retirar é que, apesar de receberem três boletins, os cidadãos sabem muito bem distinguir para que entidade e órgão estão a votar, fazendo uma separação rigorosa daquilo que querem e da responsabilidade de cada entidade na administração do território.

Também relevante a ideia que está relacionada com a inter pessoalidade da eleição na freguesia. A proximidade com o eleitor reiterada ao longo de um mandato, é uma “prius” para quem está no poder. Razão que pode justificar o facto de o PS, na grelha de partida para as eleições com muito mais freguesias que a Coligação Juntos por Guimarães, ter obtido mais votos nas freguesias.

Os vimaranenses quiseram mudar de rostos. E mais do que isso: estavam cansados de títulos, de anúncios, de propaganda, de cultura de elite, de desporto de elite, de palavrões vazios, de estrangeirismos balofos, de compadrios suspeitos, de milhões gastos sem retorno.

Os vimaranenses querem qualidade de vida: que sejam proporcionados locais onde podem deixar os seus filhos em segurança, mais lares de idosos, mobilidade fácil e barata, mais empregos e bem remunerados, menos impostos e taxas de água e saneamento menos caros, melhores e mais vias de acesso à sede do concelho e ao mundo.

Os vimaranenses querem que o território de Guimarães seja procurado e atractivo para as empresas, que haja construção de habitação para a tornar mais acessível; que os serviços municipais sejam céleres e ágeis.

Os vimaranenses querem construir um concelho melhor e que se posicione entre os primeiros de Portugal.

A mudança tem essa responsabilidade, esse sentido, essa esperança e essa justificação.

 

ndr: texto publicado originalmente na edição de novembro do jornal Reflexo