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Falta de respeito

Manuel Ribeiro
Opinião \ terça-feira, novembro 26, 2024
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No centro das Taipas permanecem estóicos residentes. Não se representa que possa vir a morar mais gente pelas razões óbvias e conhecidas: o acesso foi dificultado com as obras de requalificação.

Há três anos que o Presidente da Câmara anda a anunciar que vai fechar o centro histórico e centro da cidade de Guimarães – Toural, Rua de Santo António e Alameda de S. Dâmaso – ao trânsito.

De forma repentina, resolveu fechar ao trânsito no centro histórico, na Rua de Santo António, parte de cima do Toural e via de cima da Alameda de S. Dâmaso.

Confrontados com a surpresa, os residentes e comerciantes, principalmente estes que aqueles já quase não existem, protestaram; dizem as noticias, de que não se duvida, alguns comerciantes nem estrearam o caixa naqueles dias e que as ruas apresentaram-se desertas de gente.

A Câmara Municipal veio defender-se dizendo que era uma experiência para compreenderem melhor o fluxo do trânsito; acrescentou que a pedonalização do centro da cidade era um objectivo que não desistiam.

A pedonalização do centro da cidade de Guimarães já teve muitas versões; mas um projecto sério, definitivo, fundamentado para ser discutido, aperfeiçoado, alterado pelos pares políticos e pelos interessados directos, residentes e comerciantes, esse, não existe.

Todos os que pensam na pedonalização dos centro das cidades tentam responder às questões da mobilidade para o centro e desde o centro; ao estacionamento, com bolsas de proximidade; e a resposta dos transportes públicos.

Sem uma ponderação e uma resposta positiva àquelas questões, os centros tonam-se desertos de comércio e de pessoas.

Sem apresentar um projecto credível, a Câmara anda a fazer experiências sem ouvir, e mais do que isso, ponderar o que dizem os comerciantes e os residentes do centro da cidade bem como as associações que os representam.

E mais do que decidir a pedonalização, terá de se avaliar a consequência de tais medidas no fluxo do trânsito das restantes zonas da cidade ou da vila.

Já vi e vejo isso aplicado às Taipas numa atitude arrogante que não pode passar sem castigo.

No centro das Taipas permanecem estóicos residentes. Não se representa que possa vir a morar mais gente pelas razões óbvias e conhecidas: o acesso foi dificultado com as obras de requalificação; o estacionamento privado, das próprias casas, não existe muito pela idade e configuração dos edifícios; o estacionamento público só possível em violação à lei.

E o comércio, senhor?

Completamente prejudicado pelos três anos de obras, não se augura que vá recuperar por claras razões.

O acesso e permanência ao centro da vila é difícil; a postura de trânsito afasta as pessoas e principalmente quem vem de fora e não conhece bem a localidade, para fora do centro.

Tal como em Guimarães, nas Taipas foi feito tudo nas costas dos Taipenses, de quem cá vive, de quem usa o espaço público. E depois, apresentam as obras como caso consumado que não admite contestação ou alteração para melhor.

A Câmara errou nas Taipas por ter deixado as soluções arquitectónicas e de trânsito nas mãos de técnicos que nunca sentiram as Taipas, as suas vivências, a sua cultura e a sua autonomia peculiar.

O que está subjacente à prática de todos estas ofensas aos taipenses é a forma de decidir autista, sem ouvir ninguém, ou ouvir só para cumprir a formalidade aborrecida, não ligando “patavina” ao que os taipenses dizem e defendem.

Os taipenses e os vimaranenses têm o poder de acabar com a arrogância de uma Câmara imponderada.