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Estamos quase no Inverno

Redação
Opinião \ segunda-feira, novembro 21, 2016
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Quer seja uma constipação ou uma gripe, o leitor, de uma maneira geral, nem necessita de ir ao médico. Como se trata de doenças provocadas por vírus, o próprio organismo, através dos seus mecanismos de defesa, dá conta do recado.

Estamos a passar por um verão de S. Martinho antecipado, mas a mudança da hora faz-nos pensar que o Inverno está à porta e com ele o frio.

As infeções respiratórias, nomeadamente a gripe, são uma situação comum nesta época do ano, existindo medidas que as podem prevenir ou fazer diminuir o seu impacto.

Entre outros grupos com doenças específicas, a vacina da gripe é gratuita a partir dos 65 anos de idade e para aqueles internados em instituições como, por exemplo, lares de idosos.

É recomendada, também, para as pessoas entre os 60 e 64 anos, doentes crónicos, grávidas, profissionais de saúde e outros prestadores de cuidados como, já referido, trabalhadores de lares. Para os que não têm a vacina gratuita, o estado comparticipa a sua aquisição.

A vacina pode ser tomada durante o Outono e Inverno.

Convém que saiba distinguir uma constipação de uma gripe. É frequente os utentes chegarem junto do seu médico de família e dizerem que estão engripados. A imensa maioria das vezes não passa de uma simples constipação, que se apresenta sob a forma de pingo no nariz, espirros, nariz entupido e eventualmente tosse. A gripe pode assemelhar-se a uma constipação mas acompanhada, sempre, de febre. Portanto, não há gripe sem febre.

Quer seja uma constipação ou uma gripe, o leitor, de uma maneira geral, nem necessita de ir ao médico. Como se trata de doenças provocadas por vírus, o próprio organismo, através dos seus mecanismos de defesa, dá conta do recado. Apenas tem que dar tempo ao tempo. Se, por exemple, estiver com gripe (tem que ter febre) e tiver a paciência de estar 2 a 3 dias a tomar medicamento para a febre, no final deste tempo a situação resolve-se. Se tiver dúvidas, ligue primeiro para a Saúde 24.

Outra situação que ocorre frequentemente tem a ver com a contagem dos dias de febre. Por exemplo, chega uma mãe ao consultório, a uma 4ª feira de manhã, com o filho ao colo e diz:
- Sr. Dr, o meu menino tem febre há 3 dias.
- E quando começou a febre? Pergunta o médico.
- Segunda-feira feira à tardinha, responde a mãe.
- Então o seu filho tem febre há dia e meio, diz o médico.

O duração da febre é muito importante para o médico. Uma coisa é estar com febre há 36 h, que era o caso, e outra há já 3 dias completos. Para aquela mãe como o filho tinha tido febre em 3 dias diferentes isso correspondia a 3 dias de febre, esquecendo-se que o dia tem 24 horas

Se ao leitor lhe tocar na rifa uma constipação ou gripe, para além do referido acima, tenha em atenção algumas medidas importantes para minimizar o contágio às outras pessoas:

Higiene das mãos. Lave-as cuidadosamente com sabão e evite cumprimentar as outras pessoas. Acontece muitas vezes ao médico, observar um doente com febre e no final ir lavar as mãos. Passa a receita entrega-a ao utente, este levanta-se, estende a mão para um bacalhau e o médico para não deixar o utente de mão estendida, lá o cumprimenta e lá terá que lavar as mãos mais uma vez! Penso que seria boa prática, nos consultórios, ninguém cumprimentar ninguém, isto em defesa dos utentes e dos profissionais de saúde. Em resumo, se está doente, não cumprimente ninguém, pratique o chamado distanciamento social.

Tussa ou espirre para um lenço descartável ou para a prega do cotovelo, se não tiver tempo de sacar do lenço.

Se, em todo o caso, tiver que ir a algum local público e prezar a saúde dos seus concidadãos, talvez fosse boa ideia usar uma máscara.

O Inverno está associado ao frio e este pode ser físico ou social. Quero referir-me às pessoas que vivem sós, sobretudo idosos. Nos últimos anos tem aumentado o número destes casos e esta situação, devido à baixa natalidade e às mudanças de cariz social, tenderá a agravar-se no futuro. Todos nós já tivemos conhecimento de casos em que foram encontrados idosos, mortos já há alguns dias, no seu domicílio. Morreram e ninguém disso se apercebeu. Deve ser das coisas mais horríveis: morrer só, sem nenhum conforto humano.

O que eu peço, caro leitor, é que olhe para o lado. Se conhecer alguém que viva só, veja se ele ou ela abriu a janela, se aparece à porta a chamar pelo cão ou gato, se ligou a TV como de costume. Se notar algo de diferente bata-lhe à porta e isto pode fazer toda a diferença! Melhor ainda, se souber de alguém que viva só, sem condições, em casa fria que o Inverno piorará (os interessados às vezes, por vergonha, escondem a situação) dê a conhecer o caso ao pessoal da sua unidade de saúde. Eles tratarão de sinalizar a situação. Poderá, assim, este Natal ser melhor para todos!

Carlos Salazar
Médico