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EB 2/3 e a explicação que se exige

Sara Martins
Opinião \ quinta-feira, março 14, 2019
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Não se compreende que a Câmara Municipal de Guimarães não tenha previsto a verba necessária para os equipamentos da escola EB2/3 no orçamento de 2018 e não tenha realizado os necessários concursos.

Na última Assembleia de Freguesia o presidente da Junta, Luís Soares, insinuou que as associações de pais das escolas do Pinheiral e Charneca teriam tido uma má relação com o anterior executivo da Junta.

Não falei com as pessoas que estavam na direcção destas associações sobre esse infeliz comentário, nem preciso. Conheço-as e reconheço-lhes a frontalidade e bons princípios e sei, com certeza, que não são pessoas de alimentar tricas nem “diz que disse”.

O comentário do presidente da junta, além de maldoso, mostra uma enorme falta de respeito pelas pessoas e pelas instituições já que as mesmas não estavam presentes, mas deixa a descoberto aquela que é prática corrente no socialismo vimaranense.

A táctica é antiga, “dividir para reinar” e é assim, recorrendo à mentira e à política baixa que o PS vai governando a nossa vila e o nosso concelho. É também o que a Câmara Municipal de Guimarães (CMG) está a fazer com a EB 2/3 de Caldas das Taipas.

Abril de 2018 era a data em que a nova EB 2/3 ficaria pronta. A CMG prometeu que a escola ficaria pronta em um ano. Os 750 alunos foram distribuídos por 3 escolas, algumas sem condições mínimas para o número de alunos que receberam. Não têm balneários condignos, não têm acesso a biblioteca, não têm rede de internet de qualidade para as aulas de Tic, não têm laboratórios com condições, não podem tocar flauta nas aulas de música, não têm desporto escolar.

Há um enorme esforço e sacrifício feito pelos alunos da EB 2/3, mas também dos alunos das escolas que foram ocupadas, assim como dos professores, pais e funcionários. Da CMG não se ouviu nunca um pedido de desculpa e uma justificação clara para um atraso que já é superior ao prazo inicial. O que temos ouvido por parte do presidente da Junta e do presidente da CMG, é um desvalorizar dos sacrifícios feitos pela comunidade escolar.

Nos últimos meses o presidente da CMG tem-se desdobrado em declarações públicas onde afirma que a EB 2/3 está pronta e que os alunos podem voltar à sua escola quando a “comunidade escolar” quiser. Entende-se, por estas declarações que, se os alunos não estão na escola nova será por capricho da dita “comunidade escolar”.

As declarações do presidente da CMG criaram mal estar entre os pais, que não compreendem que, se a escola está pronta porque é que os seus filhos não vão para lá. Ao atirar a responsabilidade para a “comunidade escolar” Domingos Bragança lava as mãos como Pilatos e semeia a discórdia entre os outros intervenientes.

Mas a realidade conta uma história bem diferente. A escola não está pronta para receber alunos. Falta equipamento escolar básico, assim como as inspeções obrigatórias. O que Domingos Bragança deveria ter dito em público era o que a sua vereadora, e vice, disse em privado, na reunião que o presidente da câmara recusou dar à associação de pais. O empreiteiro já acabou a obra, mas os alunos não podem ocupar a escola porque a CMG ainda não comprou os equipamentos.

E a pergunta que se impõe é porque é que a CMG ainda não comprou os equipamentos?

A obra da escola foi adjudicada, pela CMG, em Fevereiro de 2017, com o prazo de conclusão para Abril de 2018. A CMG sabia, desde o início de 2017, que em 2018 teria de equipar a escola, ora não se compreende que a CMG não tenha previsto a verba necessária para os equipamentos no orçamento de 2018 e não tenha realizado os necessários concursos no decorrer desse ano.

Para que possam ter um ponto de comparação, a Parque Escolar, responsável pela construção da Escola Secundária, lançou os concursos públicos para os equipamentos 14 meses antes da inauguração da escola. No caso da EB 2/3 a inauguração já está marcada para 24 de Junho, mas os concursos para equipar a escola ainda não estão publicados!!!!

Não acredito que toda esta incúria da CMG, que tem impacto negativo directo nos currículos académicos dos 750 alunos, seja apenas para inaugurar a escola perto da eleições, seria demasiado kafkiano até para esta câmara. Algo se passa e a CMG deve uma explicação cabal aos vimaranenses. Sem essa explicação a imagem que fica é de incompetência e negligência grosseira.