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(Des)governo Socialista

Amadeu Júnio
Opinião \ quinta-feira, outubro 20, 2022
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A reversão da privatização da TAP foi uma das principais bandeiras do primeiro Governo de António Costa. Após 7 anos e depois de mais de 3 mil milhões gastos, há o hastear de uma nova bandeira - a privatização da TAP.

Em 2015, após a célebre “vitória” socialista, António Costa reiterou a necessidade de reverter a privatização levada a cabo pelo governo de Pedro Passos Coelho, afirmando que o Estado deveria deter a maioria do capital da companhia aérea.

Entre muitos argumentos empregues pelo então primeiro-ministro, constava o facto de a TAP não ser apenas uma simples companhia aérea, mas sim uma garantia de independência nacional e de ligação com as comunidades portuguesas. Além disso, fez transparecer que a única salvação da companhia seria retirar das mãos dos privados a sua gestão e voltar a tê-la na esfera pública, mantendo a totalidade dos empregos.

Esta retórica e os argumentos utilizados naquele momento, foram de facto areia para os olhos dos portugueses. Talvez mais por uma necessidade de vaidade e sem olhar às consequências desta decisão, a TAP tornou-se uma empresa pública.

Ora, é neste ponto (privatização ou nacionalização) que surgem as grandes divergências políticas e ideológicas. Mas mais do que estas divergências, importa acima de tudo interpretar os números, contextualizar a informação e estabelecer conclusões.

É conhecido que a TAP apresenta um peso no PIB de 2% e emprega aproximadamente 6600 (2021) face aos cerca de 10400 quem empregava em 2015. Ora, o partido socialista que tanta prega os privados de maus “gestores” e de despedir porque apenas olham para as pessoas como números, acabaram por seguir os mesmos passos para iniciar o plano de recuperação da empresa.

Mas toda esta novela da TAP, só demonstra o populismo e a ganância socialista. Primeiro a TAP não é uma empresa estratégica nacional porque não representa o país, mas apenas a capital. Num país tão centralizado como o nosso, é perfeitamente normal verem esta questão da TAP como uma companhia de interesse nacional como algo incontestável. Segundo, num mercado cada vez mais global, caso a TAP fosse obrigada a restruturar-se de tal forma, ao ponto de despedir em massa e perder quota de mercado, existiriam outras empresas a ocupar o espaço da companhia e a contratar esses trabalhadores. É o mercado a funcionar de forma natural. Terceiro, injetar mais de 3 mil milhões de euros dos contribuintes para salvar uma empresa que já esteve privatizada para evitar mais perdas para todos nós, é como diz Luís Montenegro um crime político e financeiro.  Fruto destas políticas, vemos depois urgências fechadas, tribunais sem dinheiro para papel, transportes públicos degradados, entre outros, como resultado da falta de alocação e organização financeira nestes setores.

Agora em 2022, o governo entendeu o erro da nacionalização da TAP. Entendeu dar o passo da privatização da companhia, passados apenas 7 anos. Uma verdadeira contradição socialista, sem explicação possível.

A realidade é que continuamos a cometer erros e a culpa a morrer solteira. Não podemos esperar mais do que temos tido, uma vez que escolhemos as mesmas pessoas e os mesmos políticos ao longo dos anos. É urgente e necessário rejuvenescer a política portuguesa e eliminar os vícios e poderes instalados. Talvez só mesmo aí veremos um futuro risonho para o nosso país.