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De prédio em prédio até à desfiguração total

Manuel Ribeiro
Opinião \ sábado, março 13, 2021
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Para uma vila com pretensões turísticas não basta, é muito pouco, criar um posto de turismo ou uma loja turística: é necessário preservar a paisagem urbana e evidenciar o que ela tem de peculiar.

Numa crónica do Reflexo de Outubro de 2012, a propósito de construções que estavam a ser erigidas e em projecto, escrevi:

“Há muito que me insurjo contra o abastardamento do espaço público, com especial incidência no planeamento urbano, por parte das entidades públicas: municípios, freguesias, empresas públicas e municipais, IPSS do regime, etc.. seja qual forma de organização que assumam.”.

Outubro de 2012 já foi há quase nove anos. A saga da deturpação para dizer desfiguração do espaço urbano e público não pára.

E este povo manso, sem sentido critico, convencido que ter critica é ser contra alguém a quem devem estar agradecidos, engole tudo o que lhe dão e faz tentativas de justificar por qualquer razão, porque as há sempre, conformar-se e sobreviver sem se preocupar com o estado em que vão deixar, para os seus filhos e netos, o espaço em geral – público e privado.

Querem uma vila sustentável; querem uma vila verde; querem uma eco-freguesias, não basta esconder a nódoa da camisa quando esta está toda amarrotada.

Para se ter uma vila com pretensões turísticas não basta, é muito pouco, criar um posto de turismo ou uma loja turística: é necessário preservar a paisagem urbana e evidenciar o que ela tem de peculiar.

A Alameda Rosas Guimarães é um do ex libris das Taipas; foi construída a partir de terrenos dados por ilustres taipenses: Rosas Guimarães; família Agrelos e outros.

Foi projectada e construída como um local que privilegiava as pessoas, exemplo disso era o facto de ter passeios a bordejar os canteiros e nas margens.

Com as obras que estão a fazer, desaparecem os passeios centrais, o dos canteiros – isto é pensar nas pessoas como a propaganda salazarista do PS quer envenenar?

Desaparecem os passeios centrais e os laterais foram revestidos a alcatrão: este piso, numa Alameda que desemboca num parque de lazer que se quer verde e sustentável, é o contrário da sua própria premissa: não é sustentável, não é verde, é um subproduto dos combustíveis fósseis e do ponto de vista estético é uma aberração urbanística.

Para “matar” ainda mais a Alameda, autorizaram a construção de um prédio, mais alto que comprido, em cima das piscinas públicas.

O abastardamento continua com a construção de um prédio de 5 andares na Rua de Santo António, mais uma vez mais alto que comprido. Em ambos não se cria um lugar que seja de estacionamento na via pública.

E se a junta de freguesia não pode ser absolvida dos crimes urbanísticos que estão a acontecer na Avenida do Parque (Alameda) e Rua de Santo António, a mesma é, a título principal, responsável por não respeitar o alinhamento das construções existentes, na Rua António Barros, com o prolongamento da parede (empena) sul do antigo mercado. Só um cego é que não vê!

Tudo a “ajudar”, Câmara e Junta PS, à degradação do espaço público, à perda da qualidade de vida e à machadada final na pretensão das Taipas vir a ser um local de referência do concelho.