Castigar quem nos castiga
As eleições legislativas do dia 18 de Maio 2025 trouxeram ao de cima um movimento e tendência política que já existia e que, na minha passada opinião, já tinha atingido o seu máximo de aceitação eleitoral.
Enganei-me, as sondagens enganaram-se e creio que todos os comentadores políticos se enganaram.
Certo, certo, é que o Chega é a 2.ª força política nacional em número de deputados.
Em 2021, na intervenção que fiz no dia 19 de Junho, sessão solene do dia da vila de Caldas das Taipas, disse o que passo a transcrever:
“Não contem connosco, na reflexão e participação colectiva, para desvalorizar a vila, apesar das obras.
Tal como a nível nacional, defendemos intransigentemente que não devemos estar sujeitos a um destino condenado a ocuparmos os lugares mais baixos de Europa no que toca ao crescimento económico.
No entanto, a reacção do poder instituído é de fazer orelhas moucas e afirmar a qualidade, dizemos, duvidosa das obras.
Esta distância entre o poder político e as populações, que recebem mais propaganda do que informação, causou o aparecimento de forças radicais que não dignificam a democracia e constituem uma reacção violenta contra a falta de transparência, contra a corrupção, contra o autismo político e contra o défice democrático.
As forças politicas democráticas devem ver esse problema com preocupação e repensarem seriamente a forma como exercem o poder, afinal, causa desse fenómeno.
Devemos ter presente que:
- Discriminar negativamente as localidades com junta de freguesia de partido diferente não satisfazendo, por essa causa, as necessidades das populações;
- não permitir a intervenção positiva no espaço público, indicamos a poda das árvores como exemplo, com o pretexto de a lei não conferir essa competência e mudando de posição quando a junta é do mesmo partido;
- encostar projetos credíveis e necessários por interesse meramente de oportunidades partidária e eleitoral;
- atrasar a realização das obras, prejudicando as populações, para fazer coincidir as inaugurações com anos eleitorais e dias festivos.
- discriminar os cidadãos, em função da referência partidária, no acesso a funções publicas;
- realizar concursos públicos de concessões com condições inaceitáveis e sem candidatos, para depois escolher os amigos do partido noutras condições mais favoráveis.
- aliciar candidatos a concorrer, em novas eleições, contra a força política para o qual foram eleitos;
- gastar verbas consideráveis em cartazes com paisagens que não representam a realidade presente e a médio prazo;
São tudo situações e alguns exemplos da captura e do exercício do poder local com os quais não nos conformamos e que têm motivado o aparecimento de movimentos preocupantes para a convivência democrática sã e que levam a duvidar do estado e do seu funcionamento. Pois, os exemplos de situações citadas demonstram um desvalor ético grave no exercício da coisa pública.
Estas situações empobrecem-nos e poem em causa a concretização de um projecto colectivo participado.”
Na plateia encontravam-se os convidados do Partido Socialista e quatro membros do PSD da Assembleia de Freguesia. Claro que a intervenção mereceu poucos aplausos do PS, partido no poder nas Taipas e no Município de Guimarães e responsável por aquelas atitudes no poder local.
Quem está no poder julga-se dono da coisa pública e da consciência dos cidadãos; desdenha os avisos e as tendências; apouca a oposição.
Por isso, quem, com arrogância, alimenta e engorda populismos, e eles também têm origem o exercício do poder local, não se pode queixar de ser uma das suas vítimas eleitorais.
É hora de suster o “abuso de poder” que em 36 anos de poder absoluto o Partido Socialista pratica em todo o concelho de Guimarães.
É hora de responsabilizar quem tem empobrecido o concelho em projectos que são gastos puros e sem qualquer retorno financeiro e social.
Em Setembro/Outubro de 2025, nas eleições autárquicas, os vimaranenses deverão castigar quem os castiga há 36 anos.
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