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Bem prega Frei Tomás

Redação
Opinião \ sexta-feira, julho 09, 2010
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O elenco que domina em exclusivo a Junta de Freguesia assume-se como porta bandeira de um projecto político que não corresponde ao sentir profundo, enraizado e generalizado das populações e daí parte para fazer chantagem, acto que confunde com fazer pressão.

Depois de anos a fio de letargia, anos em que a Câmara fez de conta que não era o sócio maioritário da cooperativa municipal Taipas Turitermas, anos em que justificou a inércia e o desinteresse com o parque e os equipamentos nele instalados e com as ruínas do velho estabelecimento termal com desculpas que não convenciam ninguém, eis que de repente o enguiço foi quebrado e os projectos sucedem-se uns após outros.

Finalmente, a Câmara deita os olhos para o que é seu, para o património municipal que tem nas Taipas activos de elevado potencial e valor. Valor monetário, valor paisagístico, valor cultural e valor histórico. Por isso, e apesar da incúria até agora demonstrada, registe-se e enalteça-se a mudança de comportamento, porque ela serve os interesses do município e corresponde aos anseios e aspirações dos taipenses e dos muitos outros, vimaranenses e não vimaranenses, que frequentam as Taipas deleitando-se com a tranquilidade e beleza dos seus espaços naturais, aproveitando as águas quentes a que são atribuídas propriedades terapêuticas.

Pena é que a vila e os seus habitantes estejam emparedados entre lutas político-partidárias e daí resultem danos no seu desenvolvimento, na qualidade de vida das suas gentes e, no limite, resultem atrasos anormais na recuperação e reabilitação do património edificado e natural.

O elenco que domina em exclusivo a Junta de Freguesia assume-se como porta bandeira de um projecto político que não corresponde ao sentir profundo, enraizado e generalizado das populações e daí parte para fazer chantagem, acto que confunde com fazer pressão.

Tudo serve para acirrar ânimos. Tudo serve para demonstrar que quem manda nas Taipas é a Junta de Freguesia que resultou de eleições com legitimidade igual à das que elegeram a Câmara. Recorrendo muitas vezes a argumentos inconsistentes, despropositados e até bacocos, o PSD da Junta tenta menosprezar e ridicularizar as obras que a Câmara faz, quando as faz, ou ergue o dedo acusador, alimenta o descontentamento e instiga à violência verbal sempre que a Câmara não intervém, não investe, não faz.

No fórum Taipas Capital da Cutelaria foi notória a preocupação da Junta em dar destaque e visibilidade ao PSD, gesto infantil que apenas serve para condenar ao fracasso futuras edições, sendo certo que ali se ouviram palavras oportunas e sábias para o desenvolvimento económico da vila, a par de manifestações de descontentamento de industriais vítimas de constrangimentos à sua actividade e que não podem ser ignorados ou sequer menosprezados. Mas até essa revolta natural dos empresários não escapou ao anti- vimaranensismo latente, sinal que tudo está a ser aproveitado para dar vazão, não confundir com dar razão, ao protesto.

Os problemas políticos tratam-se politicamente e a estratégia do PS camarário não parece a exigida pelo estado a que as coisas chegaram.

Canalizar as obras, canalizar o investimento nas Taipas através da Turitermas é como combater o fogo com gasolina. Surge como manobra para dar protagonismo e realce ao candidato socialista derrotado, mas surge também como caso concreto de uso de cargo e de dinheiro público em benefício do putativo cabeça de lista do PS às próximas eleições. Se dúvidas houvesse, a carta de Ricardo Costa desfazia-as. Haja decoro: não basta ser sério, rigoroso e honesto nas palavras, há que fazer corresponder os actos e as práticas com o que se prega.