As Taipas com futuro
A rapidez com que tudo muda está continuamente a acelerar. Essa aceleração tem de ser acompanhada por adequações do espaço público que sejam resposta cabal às sempre actuais exigências dos tempos.
Ninguém quer que sua terra definhe; que perca identidade, singularidade e que perca importância. As Taipas estão nesse segmento.
A reflexão que se impõe é questionar se a vila e região norte do concelho têm o futuro assegurado com as actuais condições de mobilidade, infraestruturas e desenho do seu centro e periferia.
Estamos certos que as Taipas não terão futuro enquanto não se pensar a sério numa nova ponte sobre o Rio Ave; se não se tiver uma ligação à Auto Estrada que sirva esta zona e o Ave Parque; se a ligação à sede do concelho e sede do distrito não sofrer transformação positiva, mormente em transportes públicos que alterem o paradigma da mobilidade concelhia; se não se criarem bolsas de estacionamentos no próprio centro da vila.
O centro da vila, com a requalificação, por muita dialética especulativa que a defenda, não responde às necessidades dos comerciantes e dos seus residentes.
Como está, não é futuro para as Taipas.
O futuro das Taipas tem de passar por aquelas descritas transformações públicas e, no novo PDM em discussão pública, as Taipas serem reconhecidas como solo urbano na sua maior área para permitir a construção de habitação a mais baixo preço e proporcionar um crescimento da área habitacional.
Pois, as Taipas exigem futuro já por aquilo que é neste Domingo de S. Pedro.
Neste dia, já as festas de vila cumpriram, pela afluência espontânea de pessoas, a sua função agregadora de uma parte do concelho.
Hoje é dia das bandas de música como cartaz principal: essas organizações que perduram por séculos na iniciação, ensino, formação e desenvolvimento das nossas capacidades musicais e fonte de génios musicais que vão se revelando por esse país fora, substituindo o Estado nessa missão na iniciação musical erudita.
As bandas de música são o berço de ouro do nascimento de músicos de qualidade e que espalham a sua arte pelo país fora numa manifestação de cultura popular/erudita que merecem o apoio robusto do município.
E é também dia da procissão de S. Pedro. Essa manifestação de cultura religiosa que atrai, seguramente, milhares de pessoas.
Ambas as manifestações de cultura são a prova viva, pela sua implantação territorial, de uma importância e atenção que não podem ser postas em causa por qualquer poder público; antes merecem uma atenção especial positiva.
Reconhecer o que deve ser reconhecido é um acto de justiça para com os Taipenses.
POST SCRIPTUM
Como já foi publicamente anunciado, serei o cabeça de lista da Coligação PSD/CDS à Junta de Freguesia de Caldelas, território que coincide com a vila de Caldas das Taipas.
Ao longo dos muitos anos que levo como cronista do jornal Reflexo, e são mais de 200 crónicas, tenho norteado o conteúdo dos escritos na defesa do crescimento e desenvolvimento da vila de Caldas das Taipas, e acima de tudo na defesa da qualidade das intervenções públicas, com reflexos imediatos nos territórios circundantes, afirmando as Taipas como uma centralidade que beneficia uma área mais alargada para além das fronteiras da freguesia.
As crónicas, mais do que um ensaio literário, pretenderam sempre, de forma clara, objectiva e em português o mais corrente possível, que a mensagem fosse directa e incisiva e que não ficassem dúvidas acerca do que se defende.
Poderei, eventualmente, cessar esta minha colaboração com o Jornal Reflexo e ser esta a minha última crónica. Obrigado aos leitores e um até breve.
ndr: [conteúdo originalmente publicado na edição de julho do jornal Reflexo - versão papel]