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As festas da vila das Taipas

Manuel Ribeiro
Opinião \ domingo, julho 07, 2024
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Não é, de certeza, com € 7.500,00 que se reconhece a importância, a grandiosidade, a necessidade de apoiar um evento por onde passam, nos 4 dias, mais de 50.000 pessoas.

As festas da vila de Caldas das Taipas, festas em honra de S. Pedro, é de organização da comissão de festas, em conjunto com a freguesia e com a igreja, uma vez que não é uma festa exclusivamente profana tendo um cariz religioso que não pode ser esquecido.

As festas, de há duas décadas a esta parte, adquiriram uma expressão que ultrapassa os limites territoriais da freguesia e da Vila.

Essa expressão reflecte a realidade da centralidade da vila no que se refere à parte norte do Concelho, incluindo, naturalmente, os residentes em Ponte que, pela proximidade e pelo local dos eventos das festas - o fogo e os concertos do palco principal - se sentem parte integrante das mesmas.

O município, e muito bem, considera as festas da Vila das Taipas, “festas de interesse concelhio” e, por isso, atribui uma comparticipação maior às festas da vila que a outras freguesias do concelho.

O modelo das festas é uma velha questão que está sempre em discussão e evolução.

Há quem defenda que a festas, pela sua antiguidade, devem fazer jus a essa antiguidade e ser a mostra da nossa cultura tradicional ligada á actividade agrícola. Neste conceito integram-se a actuação de ranchos folclóricos, cantares ao desafio, feira do gado, concursos, cortejos etnográficos representativos da prática da agricultura, bandas de música, estas representam já um modo de cultura mais urbana, e artistas populares que interpretam músicas da nossa tradição oral e burlesca.

Há quem interprete aquele conceito como umas festas para velhos e já descontextualizada do presente.

Outro conceito e tendência, defende que as festas devem traduzir os gostos mais actuais e mais jovens, direccionando o programa para grupos da moda respeitando ao máximo as tendências do momento.

Outros, entendem que se deve fazer a ponte entre o antigo e o moderno; entre a nossa raiz cultural e o que se produz mais modernamente, satisfazendo todos os grupos etários e gostos.

Três tendências cuja realização prática pode ser difícil: quer por problemas orçamentais quer por planeamento e impossibilidade de o fazer.

Este ano, conseguiu-se o equilíbrio das tendências.

A vila de Caldas das Taipas, durante os quatro dias de realização das festas da vila atinge o zénite da confluência de pessoas.

Essa afluência é consequência da centralidade indiscutível e das próprias festas. As festas são um evento que se assumiu indispensável para a manutenção da importância das Taipas na zona norte do concelho.

Com efeito, a atração de pessoas é imprescindível para a dinamização do ambiente comercial e cultural da Vila.

Se nos 4 dias de festa afluem à vila tantas ou mais pessoas que no resto do ano, vamos potenciar ainda mais as festas para se conseguir esse objectivo.

Para elevar o nível das festas é necessário, além de trabalho, imaginação e arrojo, dinheiro.

A entidade máxima do concelho, a Câmara Municipal, tem de reconhecer a importância e a reputação das festas da Vila das Taipas. Esse reconhecimento passa pela atribuição de uma importância que seja minimamente digna para a grandiosidade das festas.

E não é, de certeza, com € 7.500,00 que se reconhece a importância, a grandiosidade, a necessidade de apoiar um evento por onde passam, nos 4 dias, mais de 50.000 pessoas.

E nem vale a pena comparar com outros apoios de manifesta menor valia para a cultura, entretenimento e festa no concelho, comparação que iria envergonhar a Câmara de Guimarães.

Basta só ver, depois reconhecer que existe aqui uma grande festa de interesse concelhio, há muitos anos que merece ter um apoio em dinheiro digno desse nome para que não se esmoreça.