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“Não existe dinheiro público, mas o dos pagadores de impostos”

Nuno Vaz Monteiro
Opinião \ domingo, maio 28, 2023
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É preciso um curso de doutor ou engenheiro para se perceber que Beja é a solução mais acessível, a solução mais rápida e que vai ao encontro do tão propalado desenvolvimento do interior?

Conhecida como "a dama de ferro", Margaret Thatcher eternizou a frase “não existe essa coisa de dinheiro público, existe apenas o dinheiro dos pagadores de impostos”. Com esta frase, ela tentou demonstrar a responsabilidade do uso de cada cêntimo dos contribuintes por parte do Estado. 

Desta vez, saindo do âmbito local, mas só porque nos toca a todos, venho deixar uma ideia sobre algo que vem sendo falado, sonhado, projetado, mas, quase duas décadas depois, pego no «jamé» de Mário Lino e não o uso só em relação à margem sul, mas estendo-o a todo o país. Esse aeroporto, o tal que tinha como objetivo o apoio ao aeroporto da Portela, nunca chegou a sair dos sonhos de quem investe os nossos impostos com a leviandade de não sair do bolso deles. 

Em Portugal, há o "fetiche" da construção por parte do estado, a obra pública, e associado a ele vem a famosa "derrapagem". É ver como exemplo o Metro de Lisboa em que a dita "derrapagem" já soma umas centenas de milhões de euros. Mas vários exemplos há dessas derrapagens, os estádios do Euro2004 são só mais um exemplo. 

Voltemos à questão do aeroporto. É preciso um curso de doutor ou engenheiro para se perceber que Beja é a solução mais acessível, a solução mais rápida e que vai ao encontro do tão propalado desenvolvimento do interior? Um aeroporto que, no momento atual e sem que se desenvolvam os acessos, está a pouco mais de uma hora de Lisboa e de Faro? E esse tempo baixará consideravelmente, quando, finalmente, se concluir a A26, troço que tem já uma boa parte das pontes feitas desde 2012 e que estão bem visíveis para quem circula na IP8 alentejana. Há também a possibilidade da ferrovia com condições para que os comboios circulem a mais de 200km/h, podendo-se percorrer os pouco mais de 100 quilómetros em menos de uma hora.

Neste âmbito, é preciso que as promessas socialistas sejam cumpridas. Em 2018, tanto Carlos César, na altura presidente da bancada parlamentar socialista, como Pedro Marques, ministro das infraestruturas, prometeram o início da tão necessária eletrificação da via ainda para 2018. Estamos em 2023 e sob a hegemonia da governação socialista, e nada aconteceu.  

A solução aplicável às “low cost” é a solução usada em Espanha, França e Inglaterra com os aeroportos de Girona, Orly e Stansted, respetivamente. 

O dinheiro dos portugueses deveria ser sagrado e os investimentos bem calculados e melhor executados. E, enquanto escrevo isto, recordo-me dos mais de 100 milhões de euros que já se gastou ao erário público com os estudos da linha de alta velocidade, mas TGV nem vê-lo. 

Habituamo-nos a ouvir falar de milhões como quem fala de tostões e esses milhões quem os paga, meus amigos, somos todos nós no final de cada mês de trabalho.