Abaixo de zero
Os relatórios de actividades da Câmara Municipal estão pejados de referências a politicas sustentáveis, quer sejam culturais, quer do ambiente. Nesse relatório, num registo muito frequente e por isso repetido, é dado a conhecer o que o município tem feito: a título de exemplo das conferências e encontros participados, citamos os seguintes: CCRI: Cidades e Regiões Circulares", Missão Cidades; Mission in Progress - Climate Neutral and Smart Cities 2023; NetZeroCities¸ Neutralidade Climática, Conferência Economia Circular e Ambiente,
Para dizer que a Câmara de Guimarães anda envolvida, com um número significativo de funcionários, na saga de capital verde, economia circular, neutralidade climática.
A SEDES, que é uma organização nacional com peso e bastante prestígio, veio dizer que Portugal contribui para a poluição mundial e na mesma proporção para as alterações climáticas com 0,12% do mundo.
É preciso dizê-lo, a nossa contribuição, coimo país, para as alterações climáticas é quase zero.
Por isso, qualquer medida que seja implementada no sentido da neutralidade carbónica no concelho de Guimarães é igual a praticamente nada, ZERO, tendo em conta que o mundo é uma aldeia global.
Aquela organização – SEDES – denuncia que, principalmente Portugal, tem uma preocupação excessiva e cara com a descarbonização quando os grandes responsáveis pela poluição no mundo, CHINA, INDIA e ESTADOS UNIDOS da AMÈRICA não a têm na mesma proporção de Portugal e da Europa.
São políticas modernas, actuais, bonitas mas excessivamente caras para a economia do país e para a competitividade externa e interna das nossas empresas.
Somos um país pobre com tiques de ricos.
O concelho de Guimarães, nesse aspecto, é um paradoxo que só a incompetência pode explicar.
Ao mesmo tempo e com grandes parangonas se anuncia e se concorre a capital europeia verde, se promove, pelo menos do ponto de vista teórico, a economia circular, se quer descarbonizar o concelho, com neutralidade carbónica, criam-se filas, engarrafamentos, poluição. Essas filas são causadas pelas posturas de transito, falta de estacionamentos e confluência de sentidos para os mesmos locais completamente acríticos.
Por um lado gastam-se balúrdios na chamada descarbonização. Por outro, criam-se regras de transito, proíbem-se zonas de circulação sem criar alternativas, criam-se engarrafamentos diários onde nunca foi suposto existirem que defraudam todos aqueles objectivos.
Isto é não saber o que se quer, é tratar um problema grave com mezinhas.
A descarbonização tem de acontecer a partir de um comportamento colectivo que, de forma consciente e responsável, evite o automóvel a combustão.
Essa cultura, mais do que com origem no município, tem de ser a formação escolar intensiva para que os nossos cidadãos futuros sejam os responsáveis diários da descarbonização, mas numa prática colectiva, conjugada, todos a puxar para o mesmo lado.
A descarbonização reside na escola, na transmissão de valores essenciais à vida futura de modo a propiciar comportamentos, estes sim, sustentáveis porque se fundam na educação, na consciência colectiva em acção e não em projectos isolados e caros de um município que nada conta.
Não estou a dizer que as iniciativas não têm virtualidades; elas existem, mas os resultados para nós e para os outros estão limitados pelas medidas e pelas contra medidas.
Não. A abordagem é que tem de ser outra, mais estrutural do que conjuntural.
Claro que a realidade a que me refiro tem muito a ver com a Vila das Taipas; com o seu transito caótico criado pela acção do município. Por uma estrada nacional 101 de filas, de poluição, de pára arranca interminável. Problemas graves porque poluem que pedem resolução com alternativas.
Mas no capítulo das alternativas, para a resolução dos problemas, a resposta do município é ZERO, por isso supor inteligência no trabalho e determinação.