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A tradição das más decisões

Sara Martins
Opinião \ quinta-feira, fevereiro 20, 2020
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A via do avepark custará 18,4 milhões de euros. Terá um impacto ambiental desastroso e não servirá a vila das Taipas. É uma má decisão, como foram más todas as decisões que nos trouxeram até aqui.

A semana passada alegramo-nos com a notícia que ontem arrancaria a construção do desnivelamento do nó de Silvares. Quando já imaginávamos o aparato de obras, afinal, o arranque foi uma cerimónia de assinaturas na Câmara Municipal de Guimarães (CMG) com a Infraestruturas de Portugal, semelhante à que a CMG já tinha feito em 2017, ano de eleições e, que marca o início de contagem das obras que estarão prontas daqui a 1 ano, ano de eleições.

A gestão do processo do desnivelamento do nó de Silvares é elucidativa da manipulação que a CMG faz com as promessas e as expectativas dos eleitores. E é também um bom exemplo de como são péssimas as decisões dos socialistas que nos governam há 30 anos.

Vamos a factos.

Em 1999, Carlos Remísio, presidente da Junta de Freguesia de Caldas das Taipas, do Partido Socialista, e sobre a construção de um nó de ligação às Taipas na A11 afirmava: Do ponto de vista egoísta da junta de freguesia, o nó não interessa".

A Câmara Municipal, também socialista, era igualmente contra a construção do nó das Taipas. Na altura, era, espantem-se, a JSD de Figueiredo que reclamava a necessidade de um nó de ligação ao parque industrial de Ponte e à Vila das Taipas.

Em 2008 é inaugurado o Avepark, um investimento de 10 milhões de euros, em local escolhido pela CMG. Era ainda presidente o socialista António Magalhães o mesmo que, anos antes, afirmava não ser necessário um nó de autoestrada nas Taipas.

Ironicamente, Carlos Remísio seria nomeado administrador do Avepark e a sua justificação para o rotundo falhanço deste projecto, era a falta de acessibilidade, a mesma que ele, enquanto presidente da junta, recusou para as Taipas, com o argumento que “as portagens pesam muito nas decisões da população das Taipas”.

A via do avepark é uma promessa eleitoral desde 2007, sem que o município alguma vez mostrasse grande vontade de cumprir, apesar do parque tecnológico ser um fracasso quanto aos objectivos que prometia: 200 empresas instaladas e 4 mil postos de trabalho até 2020.

O que mudou agora? O quadro de apoio comunitário em vigor, não apoia a construção de estradas, mas apoia a construção de acessos às áreas empresariais. Isto significa que, usaram o acesso ao Avepark como desculpa para que os fundos europeus paguem a construção do desnivelamento do nó de Silvares, que mostrou ser outra má decisão desde a sua construção.

Sejamos sérios, se o objectivo é diminuir o tempo de acesso entre o Avepark e a auto-estrada, a solução seria a construção de um nó em Brito, como pediu o povo à CMG na apresentação pública do projecto. Não é inteligente, para poupar tempo de viagem, construir uma estrada cheia de rotundas e com mais kms que o actual traçado.

A via do avepark custará 18,4 milhões de euros. Terá um impacto ambiental desastroso e não servirá a vila das Taipas. É uma má decisão, como foram más todas as decisões que nos trouxeram até aqui. Há 30 anos que vivemos as consequências das más decisões dos socialistas. Decisões que não são pensadas a longo prazo, que não são articuladas nem estruturadas num plano maior e, que colocam sempre o interesse da cidade e, de quem a governa, à frente dos interesses do concelho.