A memória das associações e memória das Taipas
O Outono nas Taipas começa com a celebração dos aniversários da Banda Musical e do Clube Caçadores das Taipas.
A Banda Musical celebra os 190 anos de existência e o CC Taipas acaba de completar o centenário, passando de 100 para 101 anos de existência.
A marca distintiva dos dois é a sua ininterrupta actividade ao longo da sua existência, facto que é de assinalar e de respeitar.
Esta marca de existência activa é uma evidência de que os taipenses, desde há, pelo menos, dois séculos se juntam por objectivos comuns e de forma organizada em associações sem fins lucrativos. Está implícito neste associar um desinteresse individual em prol de um interesse colectivo.
As associações são, na sua génese, organizações da sociedade civil que se propõem prosseguir actividades, fundamentais na existência humana, que o estado não proporcionou ou proporciona. Por serem actividades de grande importância na existência humana e por isso dizerem respeito ao estado, substituem-no nessa missão ou completam-no.
O desporto, a cultura são dimensões da sociedade e da realização da pessoa enquanto ser social, que, na ausência do estado, os taipenses souberam responder e afirmar-se no contexto concelhio. Repare-se que estas dimensões são tão importantes que a própria União Europeia elege com periodicidade anual uma capital europeia do desporto e da cultura.
E se nos dias de hoje é tão importante, imagine-se nos primórdios do século XIX e do Século XX, período histórico em que o estado estava completamente ausente na realização dessas dimensões.
Isto quer dizer que a Banda Musical e a o CC Taipas sobreviveram dezenas e até centenas de anos sem qualquer ajuda pública na sua missão de interesse público. Sabemos que a subsidiação e ajuda às associações é já uma realidade posterior ao 25 de Abril de 1974. Até lá, era cada associação por si e com os seus membros.
A importância das associações também se afere pelas necessidades pertinentes que as mesmas suprem no contexto da comunidade onde se inserem.
No passado, quer se queira quer não, Guimarães era muito longe. A ausência de transportes e de vias de comunicação, isolava as povoações que teriam de viver para si próprias.
As Taipas, face ao circunstancialismo das épocas, organizou-se protegeu-se não deixando, aqui, de se fazer referência à Associação Humanitária dos Bombeiros Voluntários, também ela uma associação centenária das Taipas.
A A.H. B.V. das Taipas já editaram um livro que regista a sua história
Existe um projecto para a elaboração de um livro que concentre a história do CC Taipas.
Agora, pela mão de João Ribeiro, a Banda Musical de Caldas das Taipas editou um livro sobre a sua história centenária.
A edição de um livro sobre a história/existência de uma associação é uma realização cultural complexa e de alcance profundo. Pois, nela concentram-se os factos mais marcantes da vida da Associação. E para chegar aqui, o autor teve de aprender a partir de várias fontes, reflectir, escolher, estruturar e acima de tudo manter-se eticamente neutro na descrição dos acontecimentos.
Pela experiência que tenho e conheço das Associações, estas não são muito pródigas no registo dos acontecimentos marcantes da sua história, por o que muitos factos, muitos episódios da vida das associações, perdem-se definitivamente. É uma perda cultural. A transmissão oral, além de não ser precisa, esvai-se na finitude da vida dos que a serviram e vivenciaram.
Por isso, é cada vez mais difícil relatar em livro a história de uma associação.
A Banda Musical fê-lo, contribuindo desta forma para que a História das Taipas, das suas gentes, dos seus antepassados tenha reflexo no orgulho que deverão ter todos os taipenses nas suas associações e no seu movimento associativo.
O livro sobre a história do CC Taipas torna-se urgente sob pena de se irem perdendo fontes.
Com a publicação do Livro da História da Banda Musical – 190 anos – as Taipas ficou mais rica.