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A entrada da vila

Manuel Ribeiro
Opinião \ sexta-feira, maio 14, 2010
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Contra a arte nas obras públicas nada temos. O que se deve pugnar é que as obras de requalificação devam, em primeiro lugar e no essencial, resolver os problemas da perigosidade dos cruzamentos/entroncamentos. E pela aragem duvido que as obras venham resolver o problema sério dos acidentes de viação.

No capítulo dos acidentes de viação, andámos muitos anos na cauda da Europa. Nos últimos anos temos melhorado significativamente o nosso ranking, dos mortos e números de acidentes, mercê de campanhas de sensibilização que têm melhorado a cultura automobilística dos portugueses; de uma fiscalização cada vez mais menos complacente.

Das causas dos acidentes de viação, uma zona ainda mal estudada, é que se prende com a má construção e configuração das estradas.

Em Portugal, ainda nenhum engenheiro responsável por obras, quer na construção quer na reconstrução de estradas, foi levado a tribunal para responder por erros técnicos na concepção das vias, cruzamentos, entroncamentos.

Esse tipo de processos, na vizinha Espanha, já deu origem a condenações de engenheiros e outros técnicos responsáveis.

É de aquisição comum que os acidentes e viação custam uma fortuna ao estado português; isto é, seríamos menos pobres se não ocorressem tantos acidentes de viação. Só por isto, os acidentes de viação e a sua prevenção deveriam ser uma prioridade nacional.

No que diz respeito às Taipas e no tocante a este assunto, existiram dois pontos negros identificados: o cruzamento do Intermarché: resolvido com os semáforos. E os entroncamentos/cruzamentos da entrada da vila. Este ponto negro ainda subsiste.

Nas obras em curso, com a demolição daquela casa encravada, que vai permitir uma melhor visibilidade, e o espaço disponível, permitiriam uma intervenção radical que eliminasse definitivamente o foco de perigosidade que aqueles dois entroncamentos/cruzamentos sempre constituíram desde a sua construção.

É público que aqueles dois cruzamentos/entroncamentos deram origem a centenas de acidentes desde a sua construção.

É aceite que os cruzamentos/entroncamentos são perigosos: perigosidade resultante da falta de visibilidade e por os veículos que têm de parar, sem prioridade, se encontrarem a descer.

Com as obras em curso e pela estrutura já construída já se poderá ver o produto final: as obras são mais artísticas do que funcionais. Contra a arte nas obras públicas nada temos. O que se deve pugnar é que as obras de requalificação devam, em primeiro lugar e no essencial, resolver os problemas da perigosidade dos cruzamentos/entroncamentos. E pela aragem duvido que as obras venham resolver o problema sério dos acidentes de viação.

Assim, no primeiro cruzamento, o da serração, agravaram o problema da visibilidade com a construção de um muro com formas geométricas: aí vai ficar pior. No entroncamento mais perto da ponte, a construção de uma via mais larga de abordagem ao entroncamento permitirá uma maior visibilidade mas não resolve o problema de forma completa. Atente-se na localização das futuras passagens para peões e afira-se da sua perigosidade para os que pretendem atravessar a via: um perigo.

Estas obras podem e devem ser objecto de consulta pública; deve ainda ser dada oportunidade à entidade autárquica mais próxima dos problemas para se pronunciar sobre o projecto. Cometiam-se menos erros e decidia-se melhor.

No entanto, uma absurda e autista politica de ostracização da freguesia, estendida até à segurança da circulação viária e pedonal, leva a que se realizem más obras nas estradas que não eliminam os focos de acidentes de viação.