A doença dos incêndios
No meu primeiro artigo abordei a questão de não aproveitarmos esta nova fase política para darmos um novo rumo ao país. Esta reflexão partiu, desde logo, da escolha dos membros do governo e da estratégia delineada para o futuro do país. A verdade é que passados 5 meses, a veracidade dessa reflexão veio ao de cima. Com as mesmas receitas para os mesmos problemas, não existe alternativa ao continuarmos a ter problemas tão graves por resolver.
É muito comum associar época do verão com a época dos grandes incêndios. A verdade é que o tempo é propício para estas catástrofes. Mas a questão que se levanta é se fazemos bem o nosso trabalho de casa para evitar, pelo menos, parte destes incêndios. A resposta é obviamente um não.
Estamos novamente a atravessar uma onda de incêndios. Desde os incêndios em Pedrógão e do Pinhal de Leiria, que resultaram em inúmeras mortes, a questão dos incêndios passou a ser, finalmente, uma prioridade em termos políticos.
Desde então muito se tem falado. Desde o Primeiro Ministro ao Presidente da República, todos eles têm abordado o tema. Mas a resposta que se obtém, é que o nosso país tem de tirar ilações, refletir e aprender com os erros. É caso para dizer que estamos há 5 anos a tirar ilações e nada fazer para combater estas catástrofes.
O governo continua a não ter uma estratégia delineada para a prevenção destes fenómenos. Continua a não ter uma real estratégia florestal de regeneração da biodiversidade e de prevenção de incêndios. Continua a não realizar investimentos necessários para o combate e também para a prevenção. Sem visão e sem planeamento, a destruição da floresta e, em muitos casos, de casas, mantém-se inevitável. É necessário que haja de uma vez por todas uma coordenação forte entre todas as entidades responsáveis pela prevenção e o combate dos incêndios.
É tempo de como se diz em bom português, de menos conversa e mais ação. Não basta comunicar com a imprensa e dizer que estamos a trabalhar para melhorar, mas sim fazê-lo. Passaram-se 5 anos desde esses incêndios e pouco ou nada foi feito. O nosso país precisa de soluções e não de reações após as ocorrências.