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A Capital Verde e as Taipas

Manuel Ribeiro
Opinião \ terça-feira, maio 20, 2025
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E se nas Taipas ainda temos a zona da praia seca como zona balnear e não praia fluvial, Ponte, com duas praias fluviais prometidas há 8 anos, foi um flop completo.

Como todos sabem por amplamente difundido, A CIDADE DE GUIMARÃES conseguiu o título de Capital Verde Europeia; título atribuído às cidades concorrentes que tenham mais de 100.000 habitantes. A vila de Caldas das Taipas e toda a zona norte do concelho é também detentora do título de Capital Verde Europeia, pois a cidade de Guimarães, stricto sensu, não tem mais de 100.000 habitantes.

Conforme é reconhecido pelo município em consenso com todas as forças politicas representadas na Assembleia Municipal, o titulo conseguido é o primeiro dia de um futuro que se quer mais verde no concelho, derivando uma intensa responsabilidade que não tem retorno.

Os indicadores levados em conta na avaliação do esforço da entidade concorrente para o concurso são:

Qualidade do ar; Água; Biodiversidade, espaços verdes e utilização sustentável do solo; Resíduos e Economia Circular; Ruído; Mudanças Climáticas: mitigação; Mudanças Climáticas: adaptação.

A qualidade do ar está directamente relacionada com a quantidade e concentração do trânsito rodoviário.

Neste indicador, as medidas de disponibilização de transporte público suficiente para evitar o transporte individual são um indicador positivo.

Nas Taipas e na zona norte do concelho, o transporte público é um luxo pois não responde às necessidades das populações e a sua frequência, horários e preços não constituem alternativa ao transporte individual.

Ainda para este indicador, a regulação do trânsito é absolutamente fundamental. Fazer confluir a circulação automóvel e transportes públicos para as zonas das escolas e zonas residenciais, concentra o trânsito que será um factor que influencia negativamente a qualidade do ar.

Na Vila de Caldas, esse erro foi cometido.

As vias para a utilização de bicicletas como transporte alternativo não existem.

Água: neste indicador avalia-se a gestão dos recursos hídricos e a prevenção da contaminação.

O cumprimento positivo deste indicador era um forte motivo para uma incursão eliminatória nas fontes de contaminação do Rio Ave proporcionando o aparecimento de praias fluviais; apesar das promessas das Juntas de Freguesia de Caldelas e Ponte, nada foi conseguido.

E se nas Taipas ainda temos a zona da praia seca como zona balnear e não praia fluvial, Ponte, com duas praias fluviais prometidas há 8 anos, foi um flop completo.

Ruido: Aqui avalia-se o nível de ruído na cidade e as medidas para o reduzir.

Mais uma vez a regulação da circulação automóvel é critério diferenciador. Não faz sentido concentrar todo o trânsito na variante das Taipas quando a mesma se transformou em zona residencial concentrada.

É necessário uma nova variante, como já foi defendido em múltiplas vezes, para aliviar a existente e torná-la numa excelente rua urbana/residencial.

Os veículos de transporte de mercadorias, os de transporte colectivo de passageiros e todo o engarrafamento diário, bem como o número de automóveis em circulação, são indicadores negativos para a Capital Verde.

Agora, nesta maratona futura que é a demonstração de que o título foi atribuído, é necessário que a estrutura de missão criada atente nestes indicadores e que lhe dê soluções na perspectiva de se melhorar na qualidade do ar, água e ruído nas dimensões descritas.

É um caminho de alteração de mentalidades, de formas de viver, de mudança de hábitos.

A sustentabilidade ambiental, que é a devolução da natureza ao seu estado mais primitivo, em permanência, por forma a que a pegada do homem não seja causa de alterações ambientais irreversíveis, além de ser uma responsabilidade colectiva começa na atitude de cada um de nós, porque só a soma das nossas acções com impacto na natureza pode reverter o sentido das alterações ambientais que, necessariamente, não nos serão benéficas.

Afinal, as soluções para as Taipas muitas vezes aqui defendidas, levam-nos à sustentabilidade ambiental.

Estávamos alinhados e não sabíamos.

 

[Conteúdo publicado originalmente na edição de Maio 2025 do jornal Reflexo]