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A aquecer os motores

Nelson Felgueiras
Opinião \ sábado, abril 15, 2017
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Os projetos políticos se fazem de ideologia, de causas e de vontades. Na essência de qualquer proposta política deve estar a convicção, a forma de ver e construir o mundo e a sociedade.

A data está marcada, teremos eleições autárquicas em 1 de outubro.

A seu tempo teremos o tempo para fazer os balanços necessários e as análises, mais profundas e certamente mais informadas, daquilo que os partidos políticos e os candidatos nos têm para oferecer. Mas é, já agora, possível fazer algumas reflexões.

Considero que os projetos políticos se fazem de ideologia, de causas e de vontades. Na essência de qualquer proposta política deve estar a convicção, a forma de ver e construir o mundo e a sociedade. É também por isso que participo partidariamente, porque acredito que os partidos políticos são/devem ser estes espaços de causas e de ideologia. A estratégia, a forma, o estilo e o perfil vêm depois. São acessório do que realmente importa.

A não ser assim, ao colocar o perfil e o estilo à frente das convicções e das causas estamos a subverter a lógica de uma democracia saudável. Passamos a escolher pessoas e não as suas ideias e passamos a relevar mais o acessório em detrimento da essência. É um caminho perigoso. Não ignoro contudo que as características individuais dos candidatos são determinantes para o sucesso da causa, mas continuo a considerar que a atitude mais prudente está em confiar mais na ideologia do que no estilo.

A oposição em Guimarães tem seguido o caminho da pessoalização. Por escolha ou por incapacidade não têm tido a capacidade de marcar pelo projeto e pelas causas que têm para Guimarães. Apostam tudo na promoção do candidato que, qual D. Sebastião, oriundo de proveniências distintas e enobrecedoras vem salvar Guimarães e os vimaranenses dos plebes e dos indignos. Esquecem-se que o tempo das “boas famílias” de sangue azul ficou em 1910 e que Guimarães é terra de gente trabalhadora e humilde.

Arriscam no storytelling do homem de família, bom pai e bom marido (que não duvido que o seja) mas não se apercebem que esse não é motivo suficiente para mobilizar os vimaranenses. E fazem-no sobretudo porque no campo das ideias não são capazes de justificar a vontade de mudança que têm.

Porque é aqui que a debate se deve fazer. Qual é a nossa visão? Quais são as nossas causas? Quais as nossas propostas?

Eu sei que a campanha ainda não começou, mas reparem nos cartazes que vão aparecendo um pouco espalhados por todo lado. Notem as diferenças: de um lado o culto ao líder, o primado da pessoa e do indivíduo. Do outro a primazia das ideias, da prestação de contas e do apontar de causas e caminhos.

Os vimaranenses têm dito de forma clara aquilo que preferem. Estou certo que no dia 1 de outubro o voltarão a fazer.