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5 minutos que poderão salvar-lhe a vida

Redação
Opinião \ segunda-feira, janeiro 13, 2014
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As mulheres com idades compreendidas entre os 65 e os 70 anos e que, durante os últimos 10 anos, tenham realizado pelo menos três exames de Papanicolau com resultados normais, podem discutir com o seu médico, continuar ou não a realizar o rastreio.

O cancro do colo do útero é o 7º cancro mais frequente a nível mundial e o 2º cancro mais frequente na mulher, com uma taxa de mortalidade em Portugal de cerca de 4 óbitos por 100.000 habitantes, possuindo o nosso país uma das mais altas taxas de incidência da Europa. Na região norte, são diagnosticados cerca de 36 novos casos e perdem a vida cerca de 65 mulheres por ano.

Este tipo de cancro afeta especialmente mulheres a partir dos 35 anos de idade estando, no entanto, todas as mulheres em risco. A principal causa para o desenvolvimento desta doença é a infeção por um vírus, chamado vírus do papiloma humano (HPV).

Felizmente para nós, mulheres, de todos os tumores malignos este é aquele que pode ser controlado com maior efetividade, graças á existência do rastreio citológico.

Este exame de rastreio, chamado de citologia cervico-vaginal, mais conhecido por teste de Papanicolaou, permite detetar células cervicais anormais antes do cancro se desenvolver. A identificação e o tratamento destas células anormais previne o aparecimento da maioria dos cancros do colo do útero. Para além disso, este exame de rastreio permite também detetar os cancros na fase inicial, antes de darem sintomas, numa altura em que o tratamento tem maior probabilidade de ser eficaz.

A consulta no seu centro de saúde ou na sua unidade de saúde familiar, bem como o exame, são totalmente gratuitos, isto é, isentos de taxas moderadoras.

Sabendo-se isto, e compreendendo as razões que levam algumas mulheres a evitar fazer o teste, os benefícios são tão evidentes que 5 minutos poderão salvar-lhe a vida! Temos esperança que estas palavras ajudem a entender melhor a importância deste exame, tomando as mulheres nas próprias mãos a iniciativa de o fazer e não estando à espera que os médicos as convidem repetidamente para tal efeito. Será que os mitos e medos relativos ao exame são maiores e mais importantes que o medo de vir a sofrer de um cancro que tão facilmente se pode prevenir?

O exame de rastreio consiste em recolher células descamadas da mucosa que reveste a vagina e colo uterino, que é a parte inferior e mais estreia do útero, onde este se une à parte superior da vagina (como se pode ver na figura). Estas células são depois colocadas numa lâmina de vidro (esfregaço) e enviadas para o laboratório para depois serem analisadas. Num tipo novo de exame de Papanicolaou (citologia líquida), as células são mergulhadas num pequeno recipiente com líquido em vez de colocadas na lâmina de vidro. Em ambos os exames, as células colhidas vão depois ser analisadas ao microscópio para deteção de quaisquer anomalias.

É um procedimento simples, geralmente não doloroso e rápido! É, ainda, uma ocasião ideal para avaliar o estado do aparelho genital feminino e excluir a existência de doenças que necessitam de tratamento, como por exemplo infeções vaginais.

Como já foi referido, o cancro do colo do útero é causado pelo HPV que se transmite por contacto sexual. O vírus passa facilmente de pessoa para pessoa, através do contacto direto da pele da região genital, independentemente de existir penetração. As células do colo do útero que são infetadas sofrem alterações. Estas alterações podem ser ligeiras e desaparecerem passado pouco tempo sem tratamento, ou podem evoluir para alterações pré-malignas que, se não forem detetadas e tratadas, evoluem para lesões malignas e cancro. Como estas alterações não dão sintomas, o único modo de as encontrar é através do teste Papanicolaou.

Os resultados do exame costumam ser normais. Nos casos em que se detetam células inflamatórias ou células suspeitas, deve-se repetir o exame. Por outro lado, caso se descubram células com maiores alterações, é preciso complementar o exame com outros procedimentos, como é o caso da biópsia, de modo a confirmar a existência de uma lesão pré-cancerosa ou maligna, para se proceder à sua destruição ou extração, curando-se assim a doença.

Tendo em conta estes factos, recomenda-se então que as mulheres comecem a realizar o exame de rastreio 3 anos após terem iniciado a sua atividade sexual ou aos 21 anos (o que ocorrer primeiro). Depois de ter 3 exames normais realizados anualmente, a maioria das mulheres deverá realizar um exame, pelo menos, de 3 em 3 anos.

As mulheres com idades compreendidas entre os 65 e os 70 anos e que, durante os últimos 10 anos, tenham realizado pelo menos três exames de Papanicolau com resultados normais, podem discutir com o seu médico, continuar ou não a realizar o rastreio.

Aquelas que tenham sido submetidas a cirurgia para remoção do útero e do colo do útero, também designada por histerectomia, não necessitam de realizar o exame.

As mulheres devem falar com o médico sobre quando começar a realizar o exame de rastreio, a sua frequência e quando podem deixar de o fazer.

O cancro do útero pode ser evitado! Não hesite em procurar o seu médico para realizar o rastreio.

Fátima Dinis - Interna de Medicina Geral e Familiar