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Regateou-se por “segurança” na reabertura do mercado de produtos hortícolas nas Taipas

Redação
Sociedade \ segunda-feira, maio 18, 2020
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Depois de quase dois meses encerrado, esta segunda-feira voltou a realizar-se o mercado de venda de produtos hortícolas no recinto da feira semanal das Taipas. Um mercado diferente, como seria de esperar, também ele adaptado a uma nova realidade devido à pandemia que estamos a travessar.

Por isso, mais do que regatear preços ou tentar evidenciar a qualidade dos produtos, os comerciantes nas suas habituais tiradas regatearam por segurança. “Pode vir que está tudo seguro e limpinho”, pôde ouvir-se durante a manhã.

Mas, por mais que seja repetida esta ideia, a realidade não deixa esquecer que a normalidade é, por estes dias, diferente desde a última realização deste mercado. As máscaras obrigatórias são um indicador, o acesso restrito é outro. Apenas são permitidas cinco pessoas por cada 100 metros quartados, sendo a entrada controlada por segurança privada.

Chegada às 6horas para preparar a banca

Os comerciantes só podem servir um cliente de cada vez e têm de fazer higienização entre clientes, estando devidamente espalhados pelo recinto. Um desses comerciantes é Ricardo Fernandes, que voltou ao recinto da feira das Taipas para poder vender as suas frutas e legumes.

“Já começaram por vir algumas pessoas; nota-se que estão a aderir devagar, com tempo. Temos aqui as condições ideais para poder trabalhar. Durante este tempo todo quase não trabalhámos, só estivemos no mercado em Guimarães, que era o único que se mantinha aberto por ter as indicações recomendas. Como está aqui o espaço, tudo muito bem organizado, as pessoas vão vindo com calma e nós estamos preparados com todos os cuidados para os servir”, refere o comerciante vimaranense ao Reflexo.

Habituado a estas lides, Ricardo Fernandes chegou à primeira hora às Taipas para ser possível preparar convenientemente o seu espaço de venda. “Tentei vir mais cedo, para por tudo em ordem. A entrada pôde fazer-se a partir das 6horas para abrir às 8horas; vim logo na abertura para conseguir montar tudo a tempo para agora ir servindo algum freguês que vem. Já se sabe que vai ser mais lento o trabalho, que há ainda gente com receio de cá vir, mas acredito que isto vai normalizar”, atira esperançoso.

Menos um terço da mercadoria

A meia dúzia de metros está uma taipense que há quarenta anos vende na feira das Taipas. Nunca esperou passar por uma situação como esta, mas Ana Maria Magalhães, comerciante de produtos de padaria e pastelaria, mostra-se confiante que com o correr do tempo as pessoas sintam a segurança necessária.

“Já se sabe que é a primeira vez, por isso o pessoal está a vir devagar. Mas acho que as pessoas vão aderir. Tenho feito mercado todos os dias noutros lados, em Guimarães, por exemplo, em Braga e Famalicão, e já sei perfeitamente como isto funciona. O que queremos é que os clientes venham”, sublinha.

A carrinha, essa, veio menos carregada do que o costume. A experiência de outras feiras deu o conhecimento necessário para isso. “Não trouxe o mesmo que o costume, trouxe menos. Uma terça parte, para ir vendo se as pessoas vão aderir ou não. Vamos ter de ter paciência”, sugere Ana Maria Magalhães.

Preço e qualidade fazem a preferência

A conta-gotas, esperando atrás das marcações no solo e com o álcool gel à mão de semear à entrada, os compradores lá se foram chegando. O aproximar do recinto da feira, muitas vezes ainda dentro do automóvel, escondia parcialmente a expetativa estampada no rosto com a colocação da máscara.

Luís Soares, presidente da Junta de Freguesias de Caldelas, esteve no recinto da feita a sentir o pulso a esta reabertura. Uma reabertura à qual Maria Manuela não quis faltar. Ao fim de contas, vir ao mercado das Taipas à segunda-feira era já uma rotina enraizada há vários anos.

“Uma pessoa tem sempre receio, mas temos de tentar, dentro dos possíveis, seguir com a vida. Para além da qualidade aqui o preço também compensa. Podendo ter as coisas frescas, eu prefiro”, refere a compradora a saída, com o passo apressado devido ao peso das compras.

Mais uma passagem de álcool gel pelas mãos, saída o mais distante possível das pessoas que fazem a entrada e passo sempre aligeirado, porque a normalidade destes tempos não é igual à normalidade de outrora. Pelo sim, pelo não, até porque o vírus anda por aí sem que ninguém o veja, a máscara retira-se mais lá à frente, longe do recinto. Não vale a pena arriscar.

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