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Oslo: como tem estado a cidade escandinava a preparar-se para ser Capital Verde Europeia?

Catarina Castro Abreu
Sociedade \ quarta-feira, abril 11, 2018
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Comparar a capital da Noruega com uma cidade como Guimarães não é um exercício sensato de se fazer. Mas, mesmo assim, fomos ver o que Oslo tem vindo a fazer para se tonar mais verde. A cidade nórdica só à terceira conseguiu o título, com uma população tradicionalmente sensibilizada para o tema do Ambiente.

As realidades, em qualquer uma das suas dimensões, entre Guimarães e Oslo são incomparáveis. A cidade-berço não chega aos 160 mil habitantes enquanto a capital da Noruega tem uma população de mais de 660 mil pessoas e é uma cidade em constante mudança. São muitos os edifícios que estão a ser construídos neste momento – cuja particularidade passa por serem ambientalmente sustentáveis – e que vão mudar em breve a linha de horizonte urbano de Oslo.

Está cercada pela floresta protegida de Marka e pelo fiorde de Oslo. Há dez canais que ligam a montanha ao fiorde e o modo de vida da população é muito ligada à natureza e à prática de desporto ao ar livre. A população é jovem, altamente educada e multicultural - um terço da população é imigrante de primeira ou segunda geração.

Apesar de a crise no petróleo ser uma preocupação para o país, o fundo soberano norueguês, o maior fundo de investimento do mundo, superou em setembro a marca de 1 trilião dólares, segundo o Banco Central da Noruega, a instituição responsável pela administração dos recursos. Criado nos anos 1990, o fundo foi originalmente abastecido com receitas da produção de petróleo e gás do país. Tem como objetivo garantir as reformas das gerações futuras e cobrir outras despesas estatais quando as reservas de petróleo se esgotarem. Uma realidade bem distante da portuguesa, que luta por sair dos anos da Troika, municípios portugueses incluídos.

Um país rico como a Noruega pode “atirar dinheiro para cima dos problemas”. Katja Rosenbohm, responsável de comunicação da Agência Europeia do Ambiente, garantiu à publicação alemã Deutsche Welle que não era o caso e que no país “há um comprometimento político e dos cidadãos em relação ao ambiente”.

De certa forma, o estatuto de Oslo Capital Verde Europeia poderá também ser uma operação de charme. É que, embora a Noruega esteja a adotar esforços de redução de emissões “dentro de portas” - o país estipulou chegar à neutralidade climática em 2030 e vai banir o uso do combustível fóssil no aquecimento de edifícios a partir de 2020 –, Oslo está a exportar uma quantidade dez vezes maior do que suas emissões domésticas, através da extração e exportação de petróleo e gás natural do Mar do Norte. Recorde-se que a Noruega é o sexto maior produtor de gás natural e 15.° maior produtor de petróleo do mundo.

Só à terceira é que foi de vez

Só quando Oslo integrou pela terceira vez a shortlist para ser Capital Verde Europeia é que a capital da Noruega foi escolhida para ostentar o título. Pela cidade, são poucas as referências a Oslo Capital Verde Europeia, não existindo publicidade nos transportes públicos e outdoors. Oslo é também a terceira capital da Escandinávia a receber o epíteto de Capital Verde Europeia, numa altura em que Estocolmo e Copenhaga também já foram CVE.

Tem uma das pegadas de carbono mais baixas do mundo, com 1.9 toneladas per capita por ano. Além disso, tem objetivos ambiciosos: em 2050 quer ser uma cidade sem carros. Mas bem antes disso, já em 2019, Oslo quer que o seu centro urbano esteja totalmente sem carros. O investimento na mobilidade elétrica também é alto. “Todo este trabalho tem a ver com devolver a cidade aos cidadãos e tirar o espaço aos carros”, é um dos lemas vincado pelo mayor de Oslo, Marianne Borgen.

Leia a versão integral do texto na edição n.º 262 do jornal Reflexo, de Abril de 2018. Disponível nas bancas.