Há um mapa que mostra que “há distâncias curtas” que não precisam de carro
Quanto tempo demora a percorrer a pé a distância entre a Escola Secundária das Taipas e o Posto dos Correios? E a chegar do recinto da feira semanal ao Polidesportivo? Há um novo mapa que mostra isso, produzido pelo Laboratório da Paisagem de Guimarães em colaboração com a Escola Secundária das Taipas. A ideia é “tentar estimular as pessoas a deixarem o veículo em casa, refletir que as distâncias percorridas para ir aos seus serviços, ao comércio, escolas, farmácias, correios, estão a menos de dez/quinze minutos”, explica Susana Falcão.
Este é o ponto de partida para o desenvolvimento da iniciativa que tinha já sido posta em prática para o centro da cidade de Guimarães, o metrominuto, sendo intenção do Laboratório da Paisagem alargar esta ferramenta às nove vilas do território concelhio. “Temos procurado envolver as escolas, sendo as secundárias as que tem o perfil mais adequado”, dá conta a coordenadora de educação ambiental, explicando o início desta descentralização do metrominuto pelas Taipas. “Tentaremos, nas outras vilas, em conjunto com as juntas de freguesia ou com as brigadas verdes, dar seguimento, é essa a intenção”, sustenta.
O primeiro passo passou por desafiar a Secundária das Taipas, que correspondeu prontamente. “Foi escolhida uma turma, de 11.º ano, e depois o processo foi todo de cocriação com essa turma”. Os alunos tiveram de se familiarizar com este contexto do metrominuto para poderem “identificar os locais de interesse” a assinalar no mapa. Locais de interesse não só para a sua dinâmica do dia a dia, mas “tendo em conta que aquilo seria uma ferramenta para facultar a toda a comunidade, mesmo até turistas que visitem e vila das Taipas, que teriam de ser locais de utilidade”.
A Junta de Freguesia de Caldelas também ajudou, “foram acrescentados pontos”, e depois foi calculado o tempo de deslocação entre os locais assinalados. “Uma obrigatoriedade do metrominuto é que as ligações nunca podem ultrapassar os 15 minutos, que é a partir desse tempo que as pessoas pensam duas vezes se vão, ou não a pé”. E assim nasceu um mapa que mostra que é possível ligar as principais estruturas e infraestruturas das Taipas de forma pedonal.
“Andar a pé faz bem à saúda física e mental”
De uma forma geral, expõe Susana Falcão, “os constrangimentos de estacionamento são cada vez maiores” e, considera a coordenadora de educação ambiental do Laboratório da Paisagem, andar a pé traz múltiplos benefícios, não só individuais como coletivos. “Para além de proporcionar a diminuição das emissões de dióxido de carbono, também ajuda na saúda, quer na saúde mental quer na saúde física e é isso que tentamos apelar, que os alunos se envolvam” aponta, lembrando que a sociedade atual “pega no carro já com um hábito, nem reflete que as distâncias são tão curtas e não há necessidade de optar por essa via”.
O trabalho está pronto e foi apresentado na Secundária das Taipas na Semana Europeia da Mobilidade, sendo que em breve o mapa estará disponível para download, mas também em suporte físico em vários locais, assim como em lonas em pontos estratégicos da vila e nas paragens de autocarros.
Num primeiro feedback dos alunos envolvidos, Susana Falcão destaca que “acharam o conceito interessante” e acreditam que “não será difícil implementar e disseminar pela escola e pelos colegas este conceito”: “reconhecem que a vila é pequena e está quase tudo muito próximo”, diz.
Os alunos “gostaram” e “participaram de forma ativa, com envolvimento e motivados”. O resultado está aí: a vila das Taipas é a primeira do concelho a ter o seu metrominuto, sendo agora necessário incentivar a que a mobilidade possa ser mais pedonal. “Os alunos são embaixadores deste instrumento, sentem-se ainda mais motivados para, não só, implementar, mas, tentar disseminar e que os colegas adotem esta ferramenta”, finaliza Susana Falcão, responsável por esta iniciativa.