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Desconfinamento não chegou ao turismo e emigrantes receiam o autocarro

Redação
Sociedade \ sábado, julho 11, 2020
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Numa nova fase de desconfinamento há setores que ainda desesperam pela retoma. É o caso dos transportes através de autocarros, que veem os serviços turísticos tardarem a retomar a normalidade e os emigrantes a desconfiar da tradicional vinda a Portugal.

Após tempos de confinamento em que o país praticamente parou em virtude da pandemia, o processo de desconfinamento levou a uma nova normalidade, com naturais alterações no dia-a-dia e na forma de estar de cada um. Com a chegada do verão e o aproximar de uma época propícia ao regresso de vários emigrantes a Portugal, um fenómeno com forte implementação em Caldas das Taipas, subsistem dúvidas quanto à realidade que se vai verificar este ano.

António Matos é o gerente da empresa Viagens Taipas, uma empresa sediada nas Taipas dedicada ao transporte de autocarro que nos últimos anos tem transportado um grande número de emigrantes de diversos países para Portugal e vice-versa. Adivinhava-se um ano de grande procura, mas a realidade é que para os próximos dois meses, julho e agosto, foi tudo desmarcado, sendo que os serviços agendados para setembro estão também a ser todos cancelados, o que deixa a frota de sete autocarros completamente parada. Tem sido assim nos últimos tempos.

“Até dá pena ver aqui os autocarros parados”, começa por referir António Matos ao Reflexo, falando depois sobre a situação atual. “Na nossa zona das Taipas temos muita gente a viajar para o estrangeiro todas as semanas, é uma realidade, mas o forte é em agosto. Tive uma conversa com um colega que fretou um avião porque o pessoal não quer vir de autocarro, a ver se consegue trazer o pessoal dessa forma, mas é difícil. De autocarro os emigrantes não querem vir”, lamenta o gerente da empresa. Uma opção que se compreende quando as indicações da Direção Geral de Saúde são ainda remotas e até porque só é permitido viajar com dois terços da lotação e são os clientes a assegurar a manutenção dos custos.

“Trabalho muito com as empresas de linha, este ano foi pedido para que fizesse alguns serviços de levar e trazer emigrantes, porque se perspetivava um ano de muitos emigrantes, Tenho parcerias com algumas empresas de transporte internacional nestas alturas de época alta, mas desta vez é diferente”, aponta António Matos.

Turismo ainda não arrancou

De resto, o gerente da Viagens Taipas quando perspetiva um futuro próximo assume que “não dá para ver a luz ao fundo do túnel”, referindo que até ao final do ano não vê este setor a arrancar e a voltar normalidade. Entre as queixas de faltas de apoios e de sensibilidade para perceber as fragilidades do setor, lamenta também as quebras abruptas no turismo e demais serviços ocasionais que possuía.

“A empresa começou quase por brincadeira, para fazer uns serviços aos fins-de-semana. A procura foi aumentado e neste momento tenho sete carros. Estão todos parados, até dá dó. Tinha serviços este ano marcados até setembro e foi tudo cancelado. Alguns estão em stand-by agora de junho, deste mês, para setembro ou outubro, para ver. Desde escolas, serviços Erasmus e turismo, por exemplo, continua tudo parado”, assegura.

Principalmente o turismo tem sido uma grande perda. “Começámos a trabalhar com o turismo, com pessoas vindas do estrangeiro para o nosso país, chegando a levar milhares de turistas para Guimarães, Penha, ao Castelo de Guimarães, Braga, Lisboa, Viana do Castelo, através de serviços diários. Adivinhava-se um ano repleto de turismo, a nível das agências, com muita procura e, por isso, já tendo falha de carros no ano passado optámos por investir num autocarro e em dezembro investi noutro autocarro, mais recente porque estava a pensar no turismo, e nas melhores condições ambicionadas por este tipo de pessoas, com mais conforto”, desabafa António Matos.

Apesar de os carros estarem parados há despesas fixas que se mantêm, como os seguros, e até o desgaste dos carros acarretará uma despesa extra na hora de voltar à estrada, que se espera que seja o quanto antes. Os serviços continuam a ser desmarcadas, cada vez por um período mais alargado de tempo, não se perspetivando, então, a tal luz ao fundo do túnel. O gerente da Viagens Taipas lamenta que os aviões possam “trabalhar em pleno e os autocarros não”, o que põe em causa a sobrevivência de muitas empresas do setor. A ambição de António Matos é continuar a levar as Taipas aos quatro cantos do país, como faz com os seus autocarros.