Vamos tratar-lhe da saúde!
Isolei-me para poder preparar este texto sobre a COVID-19, um vírus sorrateiro o suficiente para colocar em causa a Humanidade como hoje a conhecemos. Um vírus respiratório (novo) para o qual ainda não há fármaco encontrado e que, por isso, está a mobilizar toda a comunidade científica e a reunir os melhores investigadores.
Será graças à ciência e à medicina que venceremos este coronavírus, um microorganismo envolvido por uma casca de proteína, com um milésimo da largura de uma pestana, que se adapta a novos ambientes e que procura hospedar-se nas vias respiratórias de um humano – que lhe concede a entrada sem saber, bastando para isso coçar o nariz.
Há quem compare este coronavírus a um assaltante com perfil destrutivo. Invade a nossa casa, alimenta-se, devora a comida e, uma vez já multiplicados, têm 10 mil “bebés”. Para já, os humanos (sobretudo os idosos) têm poucas defesas contra este assaltante poderoso, altamente contagioso, enigmático e mortal. Daí ser necessário quebrar redes de contágio. Daí ser fundamental ficar em casa. Daí haver necessidade de fomentarmos o distanciamento social. Daí os nossos seniores terem de ficar resguardados e protegidos.
Porque os vírus funcionam através de nós. Qualquer vírus! O primeiro objetivo de um vírus é provocar contágio e dividir-se. Não é matar o ser humano! A História diz-nos que vírus muito parecidos com este foram responsáveis por muitos dos surtos mais destrutivos dos últimos 100 anos: a gripe de 1918, 1957 e 1968; e a SARS, MERS e Ébola. Tal como o coronavírus, todas estas doenças são zoonóticas, ou seja, “saltaram” de uma população animal para os humanos. E, após aturadas pesquisas, foi encontrado o antídoto…
O segredo é compreender o comportamento e as proteínas do coronavírus para se encontrar a “chave” da vacina contra um vírus que se divide e multiplica com habilidade, instalando-se no trato respiratório superior, onde é facilmente espirrado ou tossido para cima da sua próxima vítima. Ao longo dos anos, o Homem fez grandes investimentos, mas parece ter investido muito pouco num sistema capaz de parar uma epidemia. Ninguém se atreverá a dizer o preço que isso teria, mas seria de certeza muito modesto comparado com os possíveis danos.
E, agora, quem vai travar a epidemia somos nós. Cada um de nós. Que somos, hoje, um agente de saúde pública. Temos de estar juntos, unidos. Mas separados! Temos de resolver problemas e não criar problemas. Um dia de cada vez. Com resistência e com resiliência. Somos, sim, um povo de afetos. Não somos de andar sozinhos. Mas é tempo de recalibrar. Dizem que o mundo, doravante, não será o mesmo. Que seja melhor.
Por enquanto, estamos em guerra. Uma guerra sem tiros. Um silêncio ensurdecedor nas ruas. Os dias são todos iguais. E a todos diz respeito esta batalha que não tem classe social, idade ou cor. Em casa, gera-se a ansiedade, sabendo-se que todas as esperanças estão depositadas na ciência porque é dela, e só dela, que podemos esperar soluções. Há centenas de cientistas a trabalhar numa vacina. Novos fármacos são testados. Todos os dias. A solução há-de chegar. E o arco-íris virá! É uma questão de tempo. E no final – meu caro coranavírus – verás o que é bom para a tosse…