“Vamos lá ver…sempre são 18%
Que alguém como a matriarca da caridadezinha de seu nome Isabel Jonet, ache que os pobres têm uma "tendência natural para gastar o dinheiro malgasto", não posso deixar de concordar… só depende do que é pobreza. Como acho que esta senhora é, na minha opinião, pobre de espírito, naturalmente o seu dinheiro é malgasto. Mas a estas aves de uma ideia de assistencialismo serôdio, bolorento e bafiento, dá-se a importância que cada qual acha que merece (no meu caso, que contribuo para as iniciativas do Banco Alimentar, sei distinguir muito bem a instituição de uma ave “raríssima”, cheia de comendas e de reconhecimento pelas aves raras que por aí planam).
Já mais grave porque se trata de assunto sério, é quererem à viva força, convencer-me que não há perda de poder de compra, que esta vaga inflacionista é transitória e que o paraíso está aqui à porta. Sejamos claros ou se preferirem “vamos lá ver… perdi 18% do meu rendimento na última década, perda essa que nunca foi mitigada ou sequer assumida. Com uma inflação assumida de 7,8%, aguarda-me um aumento salarial de 2%. Como tal parece que vou perder novamente poder de compra (falta pouco para me dizerem que não perco porque há progressões na função publica). Há tempos, bem próximos, acreditava-se que o aumento do poder de compra era fundamental para a recuperação do país; há bem pouco tempo a “obsessão do deficit” era amplamente criticada. Rapidamente a versão modificou-se com a justificação de que há que combater a inflação.
Mas o que mais me indignou na entrevista, porque disso se trata, de António Costa, é a frase olímpica de que “Nós nem excluímos nem decidimos”, a propósito de haver uma proposta de criação um imposto especial para empresas que estão a ter lucros extraordinários com a crise (petrolíferas, retalho alimentar, bancos entre outros). E a dúvida assenta no princípio básico de não se ter a certeza de que estas empresas estão a ter lucros excessivos com toda a situação. Ainda bem que ouvi hoje Ursula von der Leyen, dizer exatamente o oposto. Mas de certeza que o meu PM tem informações privilegiadas que não lhe permitem ter as certezas que a presidente da comissão europeia tem. Mas a dúvida é real mesmo? Mas não vemos todos o que acontece ao nosso salário ao longo do tempo que temos para gastar em coisas que os “pobres “gastam? Mas não mostrou muito entusiasmo com a solução, até porque ainda está a estudar se esses lucros existem mesmo, com o apoio da ASAE e de reguladores. Mas não é real o valor de e o Estado encaixou mais 2,8 mil milhões euros, com esta inflação.
É por isso que constantemente somos um povo de extremos… ou somos os maiores da rua ou somos os ignorantes do Sul da Europa aguardando que a espada de Dâmocles nos desça sobre a cabeça. Gostaria que essa espada não fosse brandida pelo meu PS…, mas começo a ter algumas dúvidas.
Por último, uma enorme palavra de reconhecimento e de gratidão a uma grande mulher e militante do meu partido: Marta Temido! Não esquecerei nunca o seu exemplo de combate, resiliência e abnegação.