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Uma vila em alvoroço

Amadeu Júnio
Opinião \ sexta-feira, junho 30, 2023
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A requalificação do centro cívico da Vila das Taipas trará uma transformação total do dia a dia das populações, particularmente ao nível da mobilidade e do comércio local.

O progresso e o desenvolvimento do contexto envolvente das sociedades são fundamentais para a melhoria de vida das pessoas. Quando estes dois fatores se conjugam com as reais necessidades dos habitantes, todos ficam a ganhar.

Neste enquadramento, a requalificação do centro cívico da Vila das Taipas não é seguramente um destes casos. A pouca ou até mesmo nenhuma participação e envolvência dos cidadãos no projeto e na sua discussão, condenou à partida o seu sucesso inequívoco.

Não colocando em causa a estética da obra, até porque ainda não é totalmente evidente o seu desenho final, a eficiência da mesma deixa margens para muitas lacunas e questões.

Desde logo, pela inexistência de planificação da obra, projetada para pouco mais de dois anos, tem provocado grandes constrangimentos ao comércio local. Há sensivelmente um ano, alertei para as dificuldades enfrentadas pelos comerciantes do Centro da Vila, reivindicando a necessidade de se encontrarem soluções para compensar as perdas significativas do seu volume de negócios.

Câmaras como as do Porto e Vila Nova de Famalicão criaram mecanismos de compensação para os comerciantes afetados pela realização das obras. Após mais de dois anos do início das obras na Vila, as dificuldades são cada vez maiores. Para além da débil conjuntura social e económica, os obstáculos provocados pelos cortes prolongados de trânsito e perdas de estacionamento, criam cada vez mais mossa.

Perante tal cenário, seria de esperar uma resposta cabal da Câmara Municipal de Guimarães, atenuando as dificuldades destes comerciantes. Contudo, lamentavelmente a Câmara renega as suas competências e desvaloriza o comércio da Vila.

Não obstante a problemática do comércio, a requalificação do centro cívico coloca também outros desafios às rotinas diárias das populações.

As mudanças da postura do trânsito têm provocado constrangimentos, nomeadamente na Estrada Nacional 310 entre a rotunda da Galp e a rotunda do Cart. A passagem de apenas um sentido no Centro da Vila, que afeta impreterivelmente o acesso ao parque, e o corte da ligação automóvel entre o Centro e a BP, eliminam possíveis alternativas.

Sejam em horas de ponta ou em horas de saída dos estudantes na EB 2,3, é visível o caos que se verifica. Requalificar o centro, sem ter em conta a Vila como um todo, principalmente ao nível da mobilidade, deixa em causa a eficiência da requalificação da mesma.

Além disso, importa evidenciar que a tendência crescente de oferta de habitação na vila e nas zonas envolventes, fruto de investimento privado em realização e a ser realizado no futuro, será de prever um aumento da circulação automóvel e consequentemente mais trânsito na Vila.

Desta forma, a requalificação do centro cívico da Vila das Taipas e a sua planificação não acautelaram de forma evidente preocupações com o futuro da mobilidade da Vila. A tendência crescente será cada vez pior. Com a falta de lugares de estacionamento e as perdas do comércio local, podemos concluir que a obra em questão apresenta lacunas no seu projeto, na sua planificação e execução. Urge-se, assim, que sejam tomadas medidas que acautelem as perdas dos comerciantes e a mobilidade da população.