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Uma questão de agenda…com o rabo de fora

Amadeu Faria
Opinião \ quinta-feira, outubro 20, 2022
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Acontece que sou socialista, republicano e que, feliz ou infelizmente, penso pela minha própria cabeça, sem necessidade (até porque não as admito), cartilhas de qualquer espécie ou género.

Quero começar hoje com uma citação de Válter Hugo Mãe; “…um país que não se ocupa com a delicada tarefa de educar, não serve para nada. Está a suicidar-se. Odeia e odeia-se."

E parece-me que o ódio campeia. Não consigo perceber outra explicação que não essa como justificativa de tudo o que por aí se anda a fazer, perante um “povo” conquistado e que revela sinais muito preocupantes de inação social.

Vejamos duas questões simples. Uma é ao nível da educação. Desde 2005 que a política de que os professores eram (são), o pior da educação, têm vindo a fazer carreira. Nas mais pequenas ações (a enorme limitação da capacidade eleitoral que existia para o corpo docente na escolha das suas chefias), as mais perigosas (a ação conseguida de proletarização de profissionais com formação superior a todos os níveis), teve infelizmente, sucesso. Vejo esse sucesso ( num caminho das pedrinhas feito desse 2005 por ministros do PS e do PSD), plasmado em novas/velhas ações como sejam as propostas de um novo regime de recrutamento e colocação de professores, decerto com a anuência de alguns mas que, para o caso de não se recordarem (e o senhor ministro não se recorda), foi posto de lado com a famigerada BCE, dinamitada por um governo do qual fazia parte o ministro João Costa; aliás se há item no seu discurso que me faça desconfiar é a célebre ideia dos perfis de professores (ainda ninguém me explicou o que é isso??? Sabe andar de bicicleta??? Está habilitado para a docência? Têm competência científica e pedagógica? Faz malabarismos na paróquia? É um ubuntu de excelência???). O próprio ministro não tem uma ideia muito concreta. Se a tivesse não mexia nas habilitações para a docência (e falamos de docência e mais nada), diminuindo-as e implodindo com as questões de ordem pedagógica. O enxovalho da adjudicação de juntas médicas foi o passo decisivo: decisivo para descrer de professores, descrer dos médicos e da sua Ordem (aliás acho curioso que o “crime” que é ter a baixa médica passa por especialistas que juram pela sua honra…, mas com esses o ministério e os seus ajudantes, não pegam). Há vicio nas baixas? Apontem-se factualmente! Puna-se! Mas não se generalize e muito menos se diga que estão todos a tentar enganar o sistema. Isso é demagogia pura e simples (ao bom estilo populista de MLR)

Diz Santana Castilho num dos seus artigos que, e passo a citar “…João Costa nunca entenderá que a Escola, para os professores, não é só o local onde passam a maior parte de todos os seus dias, mas um projecto de vida, ao qual dedicam o melhor de que são capazes. João Costa tem feito tudo para transformar os professores em operários da sua escola, uma escola sem integridade pedagógica e científica.” E concordo!

Uma segunda e definitiva nota para esclarecer os menos esclarecidos, ou mais distraídos. Sou, com um enorme orgulho, militante (com cotas pagas), do PS. Nunca servi outro partido. Nunca tive, com exceção de fugazes participações na JS, presença em órgãos do PS… (nem as quero pois acho sinceramente que há outros camaradas mais bem preparados, ou pelo menos que intuem estarem mais bem preparados). Portanto quando me perguntam, “Mas tu és PS ou não”, afirmo: sou, com orgulho e honra de pertencer a um partido que moldou a nossa democracia, a um partido que sempre tive a imagem do “fixe”, porque o era, bem presente. Acontece que sou socialista, republicano e que, feliz ou infelizmente, penso pela minha própria cabeça, sem necessidade (até porque não as admito), cartilhas de qualquer espécie ou género. Basta-me a consciência de cidadania democrática. Agrade… ou não, sem questões de agendas… com o rabo de fora!