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Será que os portugueses se preocupam com filhos e netos?

Nuno Vaz Monteiro
Opinião \ quinta-feira, janeiro 11, 2024
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O partido político é uma paixão como se fosse um clube de futebol. Só que há uma agravante, a política mexe com as nossas vidas e com as condições que damos aos nossos filhos.

Algures em abril de 2020, tive uma troca de palavras numa rede social, sendo portanto público, com o respeitado e conhecido Manuel Cajuda, treinador de futebol. Pessoa que respeito muito enquanto pai de família, treinador e até pessoa de bem com a vida, mas houve uma coisa que me deixou perplexo. Afirmava o Prof. Cajuda que sempre foi socialista, o que me levou a questioná-lo acerca das eleições de X em X tempo. Disse-me que votava PS caso estivesse satisfeito com o trabalho destes, senão que se abstinha de votar para dar oportunidade aos “outros”, caso não tivesse gostado do trabalho destes. A avaliar pelo estado do país deve abster-se muitas vezes, pensei eu.

Infelizmente, este é um exemplo do que se vive em Portugal, em que o partido político é uma paixão como se fosse um clube de futebol. Só que há uma agravante, a política mexe com as nossas vidas e com as condições que damos aos nossos filhos. Com isto e avaliando as famosas sondagens, gostaria de relembrar as pessoas de certos episódios que parecem esquecidos pelo tempo ou, então, pela necessidade de não vivenciar a verdadeira realidade, mantendo-se naquela “twilight zone” socialista.

Houve três (3) intervenções do FMI em Portugal. Foi nos anos de 1977, 1983 e 2011. No primeiro ano, chefiava o governo Mário Soares (PS), no segundo, o mesmo Soares e, em 2011, o ainda réu em processo judicial, José Sócrates (PS). Pegando no último e naquele que estará mais à superfície no arquivo de memórias e também aquele que mais facilmente se comprovará, José Sócrates (PS) e Teixeira dos Santos (PS), o seu ministro das finanças, subiram o IVA na taxa máxima em 1% a partir do dia 1 de julho de 2010. Repetiram a dose, agora em 2pp, a partir de 1 de janeiro de 2011. Este peso nos nossos orçamentos dura até aos dias de hoje e tem um nome e um partido. Os famosos PEC (Planos de Estabilidade e Crescimento) foram criados pelo mesmo José Sócrates (PS) com a colaboração do seu ministro das finanças. Não eram mais do que cortes no investimento e salários e aumentos de cargas fiscais, ou seja, impostos. A PEC-1 tem data de Março de 2010, a PEC-2 data de Maio do mesmo ano e a PEC-3 de Setembro. Foram José Sócrates (PS) e Teixeira dos Santos (PS) quem anunciou um corte de 5% nos salários da função pública. Foram também eles quem congelaram as promoções e progressões automáticas na função pública. O congelamento das pensões, a proibição de acumular salários com pensões e o aumento em 1% dos descontos para a Caixa Geral de Aposentações foram outras medidas aplicadas.

Com os cofres do estado vazios e sem dinheiro para pagar aos funcionário públicos, José Sócrates (PS) e Teixeira dos Santos (PS) viram-se obrigados a pedir o tal auxílio ao FMI e chamar “o diabo” Troika, decorria o dia 6 de abril de 2011. O memorando de entendimento com todas as regras e objectivos impostos pela Troika foi assinado a 17 de maio de 2011 por José Sócrates (PS).

Ocorre-me perguntar, olhando à volta e sabendo de tudo isto, vocês preocupam-se com o futuro dos vossos filhos e netos?