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Pós-COVID

Vítor Oliveira
Opinião \ quinta-feira, maio 21, 2020
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Somos um povo fantástico, temos indústrias capazes e não temos de estar condenados a comprar noutras estações do Oriente. A Europa tem de começar a não depender tanto de… outrem.

Ainda não sabemos como vamos sair da epidemia. Nem como sociedade, nem em termos de saúde, nem de impacto económico. Nem quando! Nem o otimista mais irritante consegue ver, já, a luz ao fundo do túnel. Mas sabemos que não vamos poder esperar pelo dia da vacina. E temos de ir desconfinando, procurando voltar à nossa normalidade. Que tão cedo não será tão normal assim! Teremos uma nova normalidade, com novas rotinas. Mas que a tenhamos, pois, com todas as precauções e modos de segurança.

No fim de tudo isto, uma das ilações que tiramos desta epidemia é que temos um povo resiliente e com uma capacidade extraordinária. Nós, portugueses, conseguimos fazer tudo o que precisamos. E o que o mundo precisa. Basta ver a indústria vimaranense que, em poucas semanas, rapidamente se adaptou e investiu na produção de máscaras e no fabrico em série. E com qualidade.

Nós podemos ser o que quisermos. Basta que os Governos continuem a ajudar a mudar o paradigma, agora iniciado. Há que criar o “Made in Portugal”, comprar o “Made in Portugal” e ajudar o “Made in Portugal” a exportar. Somos um povo fantástico, temos indústrias capazes e não temos de estar condenados a comprar noutras estações do Oriente. A Europa tem de começar a não depender tanto de… outrem.

A Europa tem de criar a sua identidade. Mas com qualidade. E criatividade. É a forma da União Europeia se afirmar. Ou não. Mas tem de fazer. Efetivamente. Vemos televisão e – ainda longe de sabermos o que nos esperava – louvávamos os chineses por determinarem quarentenas obrigatórias e edificarem hospitais em 10 dias. O assunto era sério. E o mundo não sabia.

Com esta pandemia, “soubemos” que temos capacidade de gerir imprevistos. E que a Europa tem de começar a produzir mais… internamente! E que podemos ter um país a múltiplas velocidades. Se Portugal fizer o seu caminho primeiro, estará na linha da frente para que o futuro seja de tecnologia e de valor acrescentado, com investigação e criação de produtos. Este é o momento do clique. Não há outro.

O importante, por agora, é passar esta fase e tentar que a economia não colapse. Os agentes políticos têm a oportunidade flagrante de aproveitar a capacidade portuguesa e ajudar a que se crie valor. Portugal não é apenas um destino turístico. Mas, se lidarmos bem com este surto, como estamos a fazê-lo, também no turismo vamos ser vistos como um porto seguro. E teremos mais possibilidades de sermos referência noutras áreas também…

Com mais ou menos paciência, vamos ganhar a batalha contra o vírus. Depois, temos todos de ajudar a ganhar a batalha da economia. Mas há ensinamentos que entretanto aprendemos. Somos mais flexíveis do que a pedra. E podemos mudar, se quisermos! Que a geração que está a viver o turbilhão desta epidemia olhe para a vida de outra maneira. As gerações vindouras seguir-lhes-ão os passos, certamente.