Pela nossa saúde
O PCP apresentou em2015 um Projecto de Resolução na Assembleia da República que, caso tivesse sido aprovado e concretizado, teríamos hoje uma resposta do Serviço Nacional de Saúde mais robusta e com uma melhor capacidade de atendimento. Mas mesmo com a estrutura de Saúde Pública fragilizada, resultado de políticas sucessivas de desinvestimento ao longo dos anos, que teve como consequência o abandono de milhares de profissionais altamente qualificados para o sector privado e para a emigração; com alguma descoordenação e hesitação iniciais; uma linha de Saúde 24, privatizada, que nas primeiras semanas falhou no atendimento a milhares de pessoas; apesar de todas as insuficiências - o SNS respondeu positivamente ao que lhe tem sido exigido, e os seus mais de 135 mil profissionais, na linha da frente, correndo riscos de contágio e de vida, mostraram uma qualidade e entrega sem limites no cumprimento das suas responsabilidades, reforçando o seu prestígio e reconhecimento, cá dentro e a nível internacional.
Este esforço público foi dado sem qualquer contributo do sector privado de saúde que perante o surto epidémico, optaram pela ausência e entraram em período de auto confinamento, descredibilizando os arautos do primado do privado na saúde. Ausentaram-se mas estão atentos e não desistiram de tudo fazer para garantir a transferência para os seus grupos de uma parte significativa da recuperação da actividade suspensa nas unidades de serviço público, devido à prioridade que foi dada ao combate ao coronavírus. Sustentados na falsa ideia amplamente difundida pelos propagandistas do costume, de que o SNS não é capaz de suportar e manter o combate ao surto epidémico e simultaneamente recuperar os atrasos no tratamento de outras patologias, apostam numa hipotética divisão de tarefas, em que o SNS ficaria com a parte mais perigosa e mais onerosa - o combate ao coronavírus e, os grupos privados tratariam da parte mais simples e mais rentável, com destaque para a recuperação de mais de 50 mil cirurgias, centenas de milhar de consultas da especialidade e milhares de exames de diagnóstico, a que corresponderia uma drenagem de mais de uma centena de milhões de euros do orçamento do SNS para esses grupos.
O SNS demonstrou ser capaz de responder às necessidades que se colocarem! Basta para isso um conjunto e medidas que, entre outras, reforcem: a sua capacidade financeira; de gestão; do número de profissionais; de equipamentos, medidas contempladas no Plano de Emergência apresentado pelo PCP.
Os inimigos do SNS apostam numa campanha fortíssima, no plano político e ideológico, no sentido de convencer, a generalidade dos portugueses, para a aceitação de um sistema de saúde onde prevaleça uma lógica de funcionamento centrada na doença e não na saúde, transformando-a num negócio. É uma luta que reclama de todos nós, uma intervenção permanente na defesa do Serviço Nacional de Saúde, universal e gratuito, uma das maiores conquistas de Abril!
Torcato Ribeiro, Junho de 2020