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Os desafios políticos para 2023

Amadeu Júnio
Opinião \ quinta-feira, dezembro 15, 2022
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A reta final do ano leva-nos, de uma forma muito natural, a fazer uma reflexão sobre o estado do país e do mundo e a projetar o próximo ano. A pergunta que se levanta é que país teremos em 2023.

O ano de 2022 foi verdadeiramente um ano exaustivo e de grandes agitações.

Na primeira parte do ano tivemos as eleições legislativas, que culminou na maioria socialista, passamos por um alívio inicial e posterior fim das restrições da pandemia e assistimos ao início da Guerra na Ucrânia que abalou o mundo e as relações internacionais.

A segunda parte do ano, realça-se o prolongamento da Guerra e o acentuar da crise ao nível da energia e das altas taxas de inflação, o caos nos hospitais em Portugal e um governo de casos, forçado a várias remodelações em menos de um 1 ano.

Haveria certamente muito mais para mencionar, mas acredito que sejam estes os principais factos nacionais e internacionais de relevo no decorrer de 2022.  

Analisando o horizonte e projetando um pouco do que nos espera o ano de 2023, apenas podemos aguardar um contexto de enorme incerteza. A Guerra na Ucrânia, associada à crise energética e as altas taxas de inflação, não são fatores animadores para as economias mundiais, especialmente para a economia portuguesa.

Portugal apresenta uma das maiores dívidas públicas em % do PIB na União Europeia, o que representa fortes implicações, principalmente em casos de abrandamento económico e em que é necessário, através de instrumentos económicos e financeiros, impulsionar a economia. No caso português, estes instrumentos são cada vez mais restritos, o que dificulta as intervenções do estado.

Além disso, o aumento das taxas de juro como arma de combate as altas taxas de inflação, tem-se traduzido num aumento do custo de vida, nomeadamente ao nível das prestações habitacionais. No entanto, ao contrário do que foi dito pelo primeiro-ministro que se revelou contra o aumento destas taxas, esta ação é previsível e essencial para a estabilização da taxa de inflação. Afirmações populistas que agradam sempre o eleitorado, mas que estão afastadas da realidade.

Desta forma, a utilização dos fundos europeus, vão desempenhar uma importante ferramenta de dinamização económica. Até 2029, prevê-se o acesso, através dos diferentes recursos europeus, a cerca de 45,3 mil milhões de euros. A aplicação eficaz destes fundos é, sem dúvida, uma arma importante para o desenrolar de 2023.

Mas, os desafios para 2023 não param por aqui. Assistimos, nos últimos anos e com mais foco neste ano, a uma degradação brutal do serviço nacional de saúde. Urge-se por decisões estruturais, sem olhar a ideologias políticas, para a resolução destes problemas. É tempo de articular privados e públicos para a melhoria da saúde dos portugueses.

Por último, e não menos importante, realçar o facto de em 2022 continuamos a manter uma carga fiscal elevadíssima e a ter serviços cada vez mais degradados. É importante aliviar a carga fiscal das empresas e das pessoas, para que seja possível fazer face à incerteza económica. Não há economia sem empresas, nem crescimento sem empresas. Urge-se aliviar esta carga para que possamos continuar a competir com os restantes países.

Em suma, o ano de 2023 será um ano de grande incerteza e por isso, um ano de grandes desafios. Fruto do nosso endividamento, é importante uma utilização eficaz dos recursos europeus. É igualmente importante, a existência de um governo forte, capaz e eficaz, e não um governo frágil e sujeito a grandes “confusões”. Mas acima de tudo, é essencial apostar na melhoria dos serviços e da qualidade de vida das pessoas.

Sendo este o meu último artigo deste ano, desejo a todos um santo Natal e um próspero Ano Novo.