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O estado da Nação… a banhos!

Amadeu Faria
Opinião \ quinta-feira, agosto 18, 2022
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Os debates são feitos para se discutir, para demonstrar a qualidade e a efetividade das propostas; não servem para os célebres “minutos de fama”, por muito “brilhantes” que alguns se possam julgar.

No passado dia 20 de julho, debateu-se o estado da Nação. Do debate para mim, pouco ou nada ficou. Uma oposição bitateira e muito preocupada com minudências, tão ao gosto da maioria e de um PM que não responde às questões (lógicas ou não), lançadas para o debate. Esta atitude não augura nada de bom. Os debates são feitos para se discutir, para demonstrar a qualidade e a efetividade das propostas; não servem para os célebres “minutos de fama”, por muito “brilhantes” que alguns se possam julgar.

A questão do SNS e das reformas estruturais que necessita, devia ter sido discutido. Para mim a questão não se coloca na manutenção ou não do SNS (que significa Serviço Nacional de Saúde), publico; a questão que se coloca é a do investimento que o Estado tem de fazer nesta estrutura da democracia. Vejo muitos a celebrarem a iniciativa privada para a saúde, mas gostaria que me dissessem qual o papel da saúde privada no combate à pandemia? Ou para a vacinação? Percebo… iniciativa privada, mas com o apoio do Estado (assim também eu!). Volto a questionar de quem foi a responsabilidade do fim da exclusividade, de quem iniciou, um processo longo e transversal aos dois maiores partidos portugueses, do desinvestimento na área. Muitos acusam Marta Temido de ideologia a mais.... Pergunto-me se as opções políticas não são baseadas em opções ideológicas? Ou os pseudoliberais não partilham de uma cartilha ideológica que os faz ver a vida como um conjunto de iniciativas puramente individuais?

Já na educação tudo vai, pelos vistos, na paz do senhor (aguardemos a catadupa de aposentações, de atestados médicos prolongados com a alteração da questão das mobilidades e a celebre reconversão dos critérios de contratação). O único ponto que se me afigura de algum relevo é o recente artigo de opinião de Luís Aguiar Conraria (Expresso de 5 de agosto) que sob o título “O Prec de Famalicão”, destrói a falácia do argumentário sobre a disciplina de cidadania e a sua obrigatoriedade de frequência. Tal como Luís Aguiar Conraria diz” … é por haver gente como Mesquita Guimarães que disciplinas que ensinam a tolerância devem ser obrigatórias…”. E sobre a atuação do ME não resisto a transcrever que “… o Ministério da Educação esteve mal ao não impor a reprovação por faltas, como a qualquer outra criança que falte sem justificação as aulas de uma qualquer disciplina.” Chapeau!

Guardei para último a intervenção e o papel de Augusto Santos Silva no combate pela constituição, contra as anormalidades existentes. Estou muito à vontade para falar de Augusto Santos Silva. Não é uma das minhas personalidades favoritas apesar de ser do meu partido (a par de alguns mais ou menos brilhantes, ou de césares de um império), mas assinalo com orgulho e satisfação, que sendo o líder da casa da democracia, faça cumprir esses mesmos princípios, não permitindo a deriva xenófoba, racista e populista daqueles que para mim, representarão sempre uma anormalidade permitida pelo Tribunal Constitucional. Aliás, deve ser a primeira vez que me refiro a essas tendências partidárias, até porque me recuso a normalizar o que para mim não o é… nem nunca o será.