Nicolinas - edição especial 2020
2020 é o ano mais atípico das nossas vidas. Já houve outros, certamente. Mas muitos de nós não os viveram. Este é o ano da letra “C”. O ano da COVID, do Confinamento, de ficar em Casa, do Coronavírus, dos testes Confirmados. O ano do Cuidado e de nos Cuidarmos uns aos outros. Coincidência da Caligrafia? Claro que sim! Hoje, apenas Clamamos por uma Cura de um vírus que começou na… China.
‘Cum’ Carago! Este é o ano onde não têm havido (motivos para) celebrações. E as Centenárias Nicolinas estão à porta. O anunciado regresso do Estado de Emergência, que deverá prolongar-se nas próximas semanas, reforça a ideia que estava já a cimentar-se: as festas dos estudantes de Guimarães serão comemoradas de… Cara Cerrada!
Mesmo de máscara, há muitas formas de evocar as Nicolinas e viver as festas de modo alternativo. As caixas e os bombos, depois das peles serem aquecidas na lareira, podem troar na noite de 29 de novembro das varandas das nossas casas. Será um domingo – dia em que as famílias estão habitualmente nas suas residências, o que criará um ambiente propício para erguer (somente) a árvore natalícia. Sem luzes, nem decorações ou enfeites. Apenas o Pinheiro, com as baquetas, as caixas e os bombos a seu lado.
A carga simbólica estaria presente e as redes sociais tratariam de mostrar o fervor nicolino em cada lar vimaranense. Nesse dia, a roupa de domingo seria o traje nicolino, claro está! Calças escuras, camisa branca e lenço à tabaqueiro a adornar o pescoço. Homens e mulheres, sem limite de gerações, evocavam o início de uma das tradições académicas mais antigas do país. A venda de uma eventual máscara alusiva às Nicolinas permitiria à Comissão de Festas ter aqui uma extraordinária fonte de receita – a par dos peditórios, que já começaram.
Mas as Festas Nicolinas não são apenas o Cortejo do Pinheiro. As Posses, ofertas que os estudantes vão recolhendo por várias casas da cidade e que servem para alimentar o Magusto, poderiam ter este ano uma componente mais social. Sem cortejo de mão dada, como é tradição, os alimentos seriam entregues a instituições de Guimarães.
O Pregão, declamado na varanda do Liceu, chegaria a todos através da internet. E, envolvendo os “Velhos Nicolinos” e todas as instituições de ensino secundário, à mesma hora, pregoeiros de gerações anteriores recitariam o Pregão deste ano nas restantes escolas secundárias de Guimarães, uma vez que o cortejo e a deslocação em grupo são hipóteses que, em 2020, não “acasalam” com a pandemia.
Por falar nisso, as Maçãzinhas realizar-se-iam em edição especial. O número de jovens nas varandas, em local a definir, teria de ser limitado e encerrado à participação do público. O recurso à transmissão digital, medida também aplicada às cerimónias religiosas, seria novamente uma solução para que todos pudessem assistir ao número romântico das Festas Nicolinas.
Já se sabe que será assim que o inconfundível humor das Danças de São Nicolau será levado, este ano, aos imensos fiéis e entusiastas das rábulas, representações e cantorias que retratam costumes, “estórias” e personalidades da região. Neste manifesto de intenções, faltam assinalar as “Roubalheiras”. O vírus, porém, já tratou delas.