Mobilidade: os vimaranenses querem soluções
Recordo-me de há uns anos ver um documentário da BBC, algures num país africano, em que se mostrava um hospital recente, de dimensões generosas, com tudo o que havia de mais moderno e sofisticado. Algo digno de um qualquer país europeu, mas que se desajustava ao ambiente em redor do hospital, coisa que motivou a viagem daquela equipa da BBC àquele país. Foi acima de tudo evidenciado o valor astronómico que foi gasto naquele projeto e o uso que lhe estava a ser dado. O hospital funcionava com um enorme défice de funcionários, porque, segundo o jornalista da BBC, construir o hospital dava para receber luvas, mas dar formação a pessoas para preencher as equipas médicas e de assistentes do hospital não.
Esta memória leva-me ao que se vê em Portugal com a questão com décadas acerca do novo aeroporto, em que já se despenderam milhões de euros em estudos, quando poderia ser usada a alternativa Beja como solução para apoiar a Portela e o aeroporto de Faro, acolhendo os voos low-cost de ambos os aeroportos. Até haveria o argumento de que desenvolveríamos o interior, mas a ânsia de fazer obras faraónicas vive no íntimo dos nossos governantes.
Guimarães não foge à regra e temos já os Ricardos a prometer obras de milhões para solucionar o trânsito caótico da nacional 101. O metro de superfície ou o famoso metrobus implicarão milhões, obras e mais obras que tornarão o difícil em impossível, transformar o já difícil trânsito em impossível.
Mais uma vez, porque não tentar soluções mais simples, tentar usar o que já está feito?
A A11 que liga Guimarães a Braga em metade do tempo previsto do que as soluções apresentadas pelos Ricardos, a meu ver, tem apenas dois problemas, o custo das portagens e a ausência de um ponto de entrada/saída intermédio, se bem que toda e qualquer pessoa que lá passe com alguma atenção, percebe que sempre existiu uma pré-preparação para ligar Brito à A11, solução que evitaria que muito trânsito chegasse a Guimarães e que resolveria parte do problema do AvePark. Há muito que o partido Chega luta pela abolição das portagens em vários pontos do país, tendo já conseguido que estas acabassem em várias auto-estradas do interior e na Via do Infante, no Algarve, estrada que tinha sido construída como alternativa à “mortífera” nacional 125, mas que veio a ser tabelada com o fim das scuts.
Não será essa uma solução mais rápida, sem os transtornos de obras pela N101 fora meses a fio e com resultados que permitam escoar uma parte significativa do tráfego que congestiona diariamente esta estrada? Mesmo a ligação entre os dois acessos da cidade à autoestrada poderia ser revista em termos de custo ou até mesmo uma isenção do mesmo, uma alternativa para atravessar a cidade sem saturar os acessos locais. Como em tudo na vida, o não está garantido, então porque não estudar a possibilidade de estas ideias se tornarem viáveis?
Ainda na mobilidade, Guimarães tem algumas escapatórias, alternativas, atalhos, alguns mais conhecidos que outros, na sua grande maioria em muito mau estado, sem qualquer sinalização de alternativa. Um levantamento dessas alternativas, uma melhoria e recuperação das condições, uma melhor sinalização com a indicação de alternativa a…
Deixemos as ideias megalómanas para último recurso. Tentemos encontrar a solução no que é mais simples, os Vimaranenses querem soluções!
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