03 maio 2024 \ Caldas das Taipas
tempo
18 ºC
pesquisa

Intolerante com a intolerância 

Nuno Vaz Monteiro
Opinião \ sexta-feira, fevereiro 02, 2024
© Direitos reservados
Cada dia que passa fica mais evidente, através de vários casos, que aqueles que batem no peito ao falar da liberdade de abril são os primeiros a contrariá-la.

Falam em igualdade de direitos, liberdade de expressão, de respeito pelo diferente, mas, dia após dia, são esses quem faz exactamente o contrário do que proclamam. 

O partido Chega fez uma acção política na cidade de Guimarães durante três dias. Dias em que recebemos o carinho e o apoio de muitos, ouvimos os lamentos e as desgraças de outros, foram dias em que também sentimos a intolerância que existe na cidade de Guimarães. Um episódio mais que todos os outros me marcou. Almocei, na sexta-feira, num estabelecimento de restauração conhecido e onde era cliente regular e até o recomendei a cinco colegas presentes na acção política para almoçar no sábado. Depois da refeição feita e paga, pedi aos funcionários se permitiam carregar a coluna de som presente na acção de campanha, o que foi prontamente autorizado. Após alguns minutos, vem ao nosso encontro o dono, ou filho de um dos donos, com a coluna e a seguinte mensagem “não quero ali coisas do Chega”. Fiquei estupefacto e sem resposta. Um estabelecimento que recebe pessoas de todos os credos, cores, raças e nacionalidades tem esta intolerância para com aqueles mesmo clientes que momentos antes o ajudaram a pagar as contas. De todos os insultos, dedos no ar, tentativas de intimidação, esta atitude de um jovem com um estabelecimento comercial reputado foi aquela que mais indignou.

O problema não é o dinheiro vivo encontrado na residência oficial, as demissões nos governos por corrupção, as ligações perigosas e lesivas ao estado, o problema não são os insultos e agressões a deputados da nação ou a destruição de outdoors, tudo é aceitável e para alguns louvável, desde que seja contra o Chega. Se fosse ao contrário, seríamos chamados de intolerantes, anti-democráticos, fascistas e muitos outros rótulos. 

Nós, que tínhamos razões para ter estas mesmas atitudes com quem permite que estes partidos do “arco de governação” se perpetuem neste pântano a que um dia chamamos país, somos tolerantes, com a certeza de que, quem os apoia, ou tira o proveito ou perdeu a capacidade de raciocínio, manipulados, na maioria das vezes, por uma comunicação social que pouco tem de isenta. 

Mas a facilidade de insulto vai tomando conta de outras vertentes ideológicas e mesmo aqueles que, no passado, gozavam de um estatuto de gente mais culta e refinada, hoje confundem-se com a bafienta esquerda. Veja-se o caso do “vereador em substituição e sem pelouros da Câmara Municipal de Guimarães” , assim se designa na rede social X, descarregou a sua frustração por mais uma saída de um deputado do PSD para o Chega da seguinte forma “O CH só vai buscar gente com problemas de álcool e endividada. Nunca pensei que um partido fosse capaz de representar tão bem o seu eleitorado.”

Sou cada vez mais intolerante a esta intolerância! Dia 10 de março alguém vai aprender uma lição!