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Guimarães Saúda-vos!

Torcato Ribeiro
Opinião \ quinta-feira, julho 26, 2018
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A realização das Festas Gualterianas esteve a cargo de várias instituições vimaranenses, com o apoio da Câmara Municipal, que em diferentes épocas foram chamadas a assumir essa responsabilidade, desempenhando-a sempre com o brio e o sentimento bairrista que caracteriza a nossa comunidade.

No princípio, e por Carta de D. Afonso V em 1452, foi criada a Feira Franca de Agosto em Guimarães, que começava nos primeiros dias do mês e acabava sete dias depois. Alguns séculos e muitas mais feiras depois, em 1906, João de Melo, presidente da Associação Comercial, procurando dinamizar a actividade comercial local, aumentando os motivos de atração, criou as Festas Gualterianas, no primeiro domingo de Agosto, em honra do padroeiro da cidade, S. Gualter. Passado um ano, em 1907, o Padre Gaspar Roriz, inspirado num cortejo festivo a que tinha assistido em Itália, “importou” o modelo e criou a marcha Milanesa, hoje Marcha Gualteriana, principal numero das Festas da Cidade.

A realização das Festas Gualterianas esteve a cargo de várias instituições vimaranenses, com o apoio da Câmara Municipal, que em diferentes épocas foram chamadas a assumir essa responsabilidade, desempenhando-a sempre com o brio e o sentimento bairrista que caracteriza a nossa comunidade.

Tendo ao longo dos tempos altos e baixos (a Marcha após a sua criação nem sempre se realizou) mantendo a tradição mas procurando a inovação possível e aumentar o interesse para quem é de cá e todos os forasteiros que nesta altura nos visitam, é o principal objectivo de quem abraça esta tarefa.

Os mais antigos, como eu, sabem o quanto é diferente a oferta e atrações que este momento festivo nos proporciona hoje, comparando com outros tempos: já não há barraca de tiros, os percebricos, as cadeirinhas, as maravilhas de arte e paciência e o aguadeiro, entre outros. Sinais dos tempos e das suas novas realidades e necessidades, que o mercado da oferta e da procura exige. Nova realidade que nos consciencializa para uma outra abordagem na relação com os animais e os seus direitos e que contribuiu para banir a Tourada das Festas Gualterianas. Também já não temos o Cortejo Histórico para nos iludir que fomos terra (só) de guerreiros, heróis e santos ignorando os ferreiros, os carpinteiros, os pedreiros e todos aqueles que de uma forma ou de outra, consoante as suas capacidades contribuíram para o nosso desenvolvimento ao longo dos séculos! Em compensação, e pela positiva, recuperamos o Cortejo do Linho e a Batalha das Flores.

Mobilizar a comunidade vimaranense para participar nos vários números da festa é uma tarefa já iniciada que é urgente reforçar. Envolver as associações culturais e recreativas e os estabelecimentos de ensino secundário e superior, em parceria com os obreiros da Marcha, na concepção e confecção de carros alegóricos e de números animados no cortejo, poderá ser um dos caminhos.

À semelhança do que aconteceu em vários momentos no passado, onde houve necessidade de imprimir dinâmicas diferentes para manter e aumentar a atractividade da festa, é preciso que as instituições envolvidas e principalmente a Câmara Municipal estejam atentas e abertas às novas exigências.

Boas Festas Gualterianas!