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Amadeu Júnio
Opinião \ sexta-feira, abril 07, 2023
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O caso TAP, que progrediu esta semana, muito se assemelha à construção da via do Avepark. Uma postura totalitária do eu quero, posso e mando.

A construção da via do Avepark, tema de debate nos últimos tempos, é apresentada pela Câmara Municipal de Guimarães e pelo PS Guimarães como uma obra decisiva na mobilidade concelhia.

Ora, apelidar uma construção cujo valor excede os 40 milhões de euros e que é um “atropelo” às reais necessidades e interesses dos vimaranenses, é uma manobra de propaganda pura, afastada da realidade.

Mas antes de entrar nos argumentos propriamente ditos, importa ressalvar uma questão. Nunca em nenhum momento esteve em causa aquilo que é o Avepark, mas sim a construção da via de acesso ao mesmo. É importante não confundir as matérias neste debate.

Primeiramente, o Avepark inaugurado em 2008 procurava afirmar-se como uma referência nacional com a instalação de mais de uma centena de empresas e com a criação de mais de 4000 postos de trabalho qualificado num espaço temporal de 15 anos.

Passado estes 15 anos, que se completam agora em 2023, esses números são drasticamente bem mais baixos. Sem a existência de um plano estratégico de desenvolvimento e captação de empresas, até agora desconhecido, não será uma via que irá resolver os problemas de atratividade que o parque enfrenta.

Prevê-se que o trajeto da via atravesse três freguesias – Prazins St Tirso e Corvite, Santa Eufémia de Prazins e Barco. O impacto será brutal na vida diária das populações, já que com a sua construção serão encerradas ruas e terrenos serão divididos em parcelas sem acesso, chegando a existir casos em que deslocações de metros serão estendidas em quilómetros.

Em termos paisagísticos, as freguesias sofrerão alterações profundas. Ao longo da via, existirão escavações e taludes com dezenas de metros. Além disso, acrescenta-se a poluição sonora das zonas envolventes à via e da desvalorização dos imóveis.

Por último, importa ressalvar uma questão primordial. A via terá início na reta do Toriz, tendo uma parte do seu trajeto na N101 prejudicando o acesso rápido, que tanto apelidam, ao Avepark. Desta forma, quem quiser aceder ao início da via, terá de fazer grande parte do percurso até lá na N101, cujo sabemos das dificuldades que aos dias de hoje esta estrada ainda apresenta. Apelidar esta via, como parte da resolução da ligação Taipas-Guimarães, é uma autêntica falácia e pura demagogia.

Desta forma, não se antevê qualquer evidência que a construção da via do Avepark traga benefícios para o próprio Avepark nem para a zona norte do concelho. Pelo contrário, a via apenas dividirá as freguesias, destruindo a coesão territorial e prejudicando a rotina diária das pessoas. São mais de 40 milhões para 7km de estrada.

Existem de facto alternativas viáveis e mais económicas para a resolução destes problemas. Falo do reperfilamento da N101, que permitiria resolver os problemas de trânsito Taipas-Guimarães e, consequentemente, de acesso à via do Avepark ou a criação do nó de acesso à A11 na área de Brito que serviria as Taipas e em simultâneo o Avepark. .

Posto isto, é da responsabilidade do Sr.Presidente de Câmara ouvir e defender os interesses dos vimaranenses. Atendendo à problemática da questão, apelo a que se promova um debate sério, esclarecedor e benéfico para os vimaranenses e que nesta fase não se avance com novos desenvolvimentos da via. Que se deixe parte do totalitarismo nesta questão e que o bom-senso seja peça chave neste assunto.